No ano em que se comemora o "Centenário de Abrantes como Cidade", nada melhor de que recordar alguns textos (escolhidos), imagens escritas, que o Coronel Joaquim Maria Valente, autor do livro "LANÇANDO AO VENTO... no Concelho de Abrantes" consagrou à então Vila de Abrantes, período 1885/1905:
-Na próxima publicação do mesmo autor e livro: A “GUERRA DAS PIPAS”
-Na próxima publicação do mesmo autor e livro: A “GUERRA DAS PIPAS”
JUSTIÇA E FAZENDA PÚBLICA
A Praça do Concelho além de ser o centro comercial
da Vila era também o seu centro social.
Para ela dava uma fachada do edifício da Câmara Municipal, cuja porta de entrada dava para a rua do Outeiro,
e nele estava instalada a sala do Tribunal Judicial e as repartições da Câmara.
No andar inferior ao da Câmara e do Tribunal existiam as prisões, de que
algumas janelas gradeadas com barras de ferro davam para a Praça, o que constituía paisagem desagradável em pleno
coração da Vila.
No rés-do-chão do edifício, com a porta para a
Praça, estava depositado o material de incêndios (ao tempo duas bombas manuais,
carro de escadas e pouco mais). Ao lado do compartimento do material de incêndios existia a casa da guarda militar fornecida pelo regimento de caçadores n.° 8 e cuja sentinela se abrigava em guarita colocada
junto da porta. :Na fachada que dava para a Rua da Cadeia existia a janela
gradeada do aljube, prisão insalubre de pequeno pé direito, que não recebia
acção directa da luz solar e cujo pavimento, mais ou menos húmido, era
lageado.
Como Juízes do Tribunal lembramo-nos do Dr. Acácio Alvares de Melo e Dr. Lobo de
Moura, que residia na Rua do Castelo e que tinha
ligações literárias com o grupo dos Vencidos da Vida de que faziam parte
Ramalho Ortigão, Eça de Queirós, Oliveira Martins, Guerra Junqueiro, e outros. Como Delegado do Procurador Régio
lembramo-nos do Dr. Pedroso Barata, que residia na Rua da Barca e que
veio a falecer na categoria de Juiz da Relação.
Os Ofícios Judiciais eram três, entregues aos escrivães de
direito e ao mesmo tempo tabeliães: Emílio Segurado, Rafael Apolinário e Silva
Rosa, com os cartórios nas respectivas residências, respectivamente na Praça da
Palha, Largo dos Quinchosos e Rua Adiante.
Na advocacia existiam os Drs. M. Temudo, Moura, Manuel Martins, António Ferreira Bairrão e António Maria de Araújo, de longas
barbas e lunetas. Este último era Conservador do Registo Predial tendo a
Conservatória na sua residência na Rua da Barca de Cima.
Nos serviços da
Fazenda Pública (hoje Finanças) lembramo-nos
de um muito diligente escrivão de apelido Barbosa, que veio a falecer de cancro
num braço, e outro não menos diligente de sobrenomes Abreu Marques, e do recebedor, de nome António Apolinário, pessoa
extremamente bondosa, seriedade absolutamente incorruptível, conhecido
por todos os contribuintes do Concelho em virtude do seu génio, cujas manifestações de irritação derivavam
do seu carácter correctíssimo, aprumadissimo e ao mesmo tempo afectuoso
e que na verificação das contas do
movimento diário da recebedoria fazia as somas de muitas parcelas, com
lápis na mão e lunetas na ponta do nariz,
com rapidez quase de uma máquina de calcular actual.
A Repartição de
Fazenda funcionava em casa alugada na Rua Grande, defronte da casa de residência do Visconde de Abrançalha e a Recebedoria, funcionava na casa
de residência do respectivo recebedor, na Rua de S. Pedro.
(PÁGINAS 30/31/32 - do livro "Lançando ao Vento... no
Concelho de Abrantes - Caderno do Coronel Valente". O texto é uma cópia do
referido livro.
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