No ano em que se comemora o "Centenário de Abrantes como
Cidade", nada melhor de que recordar alguns textos (escolhidos), imagens escritas, que o Coronel Joaquim Maria Valente, autor do livro "LANÇANDO
AO VENTO... no Concelho de Abrantes" consagrou à então Vila de Abrantes, período 1885/1905:
-Na próxima publicação do mesmo autor e
livro: "JUSTIÇA E FAZENDA PÚBLICA"
COMÉRCIO
O mercado ao ar livre dos géneros de primeira necessidade, excepto carne e peixe, tinha
lugar diariamente na Praça
do Concelho, na qual eram na ocasião armados tabuleiros municipais. As
respectivas vendedeiras protegiam-se com grandes chapéus-de-chuva
sustentados por suportes apropriados. A
carne de vaca e de carneiro, provenientes do matadouro de Santo António,
era vendida em loja de edifício particular, cuja fachada dava para a Praça.
A carne de porco era vendida em loja de edifício particular existente na rua do Outeiro.
O peixe era vendido em pequeno mercado ao ar livre, cujos tabuleiros
municipais eram armados na Praça da Ferraria em
comunicação directa com a Praça do Concelho
por intermédio da Rua dos Oleiros.
Os
estabelecimentos principais existiam na Praça
do Concelho e no início das ruas que de lá partiam (Rua dos Castanhos, da Barroca da Praça, do Outeiro, dos Oleiros, e da Sardinha), pelo que a referida praça era
de facto o centro comercial da
Vila.
Além
do comércio retalhista abastecedor da população da Vila, Abrantes tinha então
comércio importante, por grosso, de
cereais e azeites, cujos negociantes tinham
os respectivos estabelecimentos na Ferraria e proximidades e o depósito dos
cascos vazios no canto que ficava entre o edifício denominado Papa
Feijão, parque de material de artilharia, e a entrada para o Castelo.
O azeite vinha em regra em odres a dorso de mulas e de burros das regiões de Sardoal, Vila de Rei, Sernache, Amêndoa, etc., e
seguia para Lisboa em cascos conduzidos
para a estação de caminho-de-ferro em carros de duas rodas puxados a
mulas.
O caminho-de-ferro da Beira Baixa, construído nos primeiros anos do período a
que se referem estes apontamentos, e os primeiros estabelecimentos industriais
e comerciais instalados em Alferrarede, sob a influência da proximidade
da respectiva estação de caminho-de-ferro, modificaram a situação comercial que
pouco a pouco se instalou por completo em Alferrarede.
O azeite
era medido a décalitro com o nome de alqueire
e vazado nos cascos, pois nesse tempo ainda não era usada a balança.
Após a vasão do décalitro no casco o medidor,
que chegou a ser quase um profissional, enxugava o interior da medida com uma
esponja, cujo azeite apanhado era vazado no
casco. Por este processo era afastado qualquer erro importante
proveniente da viscosidade do azeite.
A Praça do Concelho era como dissemos, o centro comercial e, por assim dizer, o Centro Social, em
virtude de os estabelecimentos serem centros atractivos para os amadores
de conversas em regra banais, e da chamada má
língua local.
Alguns dos comerciantes ali estabelecidos tinham alcunhas derivadas dos
respectivos aspectos físicos, do modo de ser de cada
um, etc. Parece que Abrantes fora sempre amiga de se divertir por tal processo.
De resto não era só na Praça que havia alcunhas pois
elas também existiam em habitantes de ruas distantes dela.
Como se
trata de registo de factos, que podem interessar aos curiosos do passado,
referentes a indivíduos já envolvidos nas
sombras do túmulo, vamos referir de modo impessoal, algumas alcunhas. Quem as
conhecer ainda poderá lembrar-se dos indivíduos mas quem as desconhece fica
ciente de que elas existiram, e este aspecto é que interessa para a história.
Algumas
alcunhas: Porquinho da índia, Mocho, Abóbora,
Altinho, Expele Traçados, Lerias, Brazileiro, Cu de Chumbo, Olho de Vidro,
Pateiro, Misérias, Escalda Pregos, Perneta, das Areias, Dominguinhos, etc.
(PÁGINAS 26/27/28 - do livro "Lançando ao Vento... no Concelho de Abrantes - Caderno do Coronel Valente". O texto é uma cópia do referido livro.
-Na próxima publicação do mesmo autor e livro: "JUSTIÇA E FAZENDA PÚBLICA"
(PÁGINAS 26/27/28 - do livro "Lançando ao Vento... no Concelho de Abrantes - Caderno do Coronel Valente". O texto é uma cópia do referido livro.
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