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HISTÓRIA MILITAR DE ABRANTES (XIX)

Por José Manuel d’Oliveira Vieira
1832
JANEIRO/DEZEMBRO: Tenente Coronel Vicente Manuel Ferreira de Oliveira, assina e documenta toda a atividade do Batalhão Voluntário Realista de Abrantes que se prolonga para além de 183211.

*Voluntários Realistas - Ferragens para cartucheira
*Voluntários Realistas - Ferragens pertencentes a um uniforme de oficial de voluntário realista. Em cobre dourado e prata, destinavam-se a ornamentar uma cartucheira, entretanto desaparecida67.
JANEIRO 1: Visconde do Real Agrado (Penafiel) informa o Marques de Tancos que em virtude da ocupação dos rebeldes, apenas é possível enviar 35 recrutados para o Regimento de Infantaria de Abrantes (ver MARÇO 29/MAIO 3/JUNHO 2)11.
JANEIRO 2: Com arrecadações de material militar das Companhias do Regimento de Infantaria de Abrantes dentro do Hospital Regimental, não tendo outra serventia, se não, por entre as Infermarias, o que incomoda os doentes, visto terem as cabiceiras das camas, unidas ás paredes das mesmas arrecadações, João Vieira Tovar e Albuquerque, Governador da Praça manda desembaraçar as ditas arrecadações, para nellas se acomodarem mais doentes.
Nota: No mesmo documento, Governador desta Praça propõe a Filipe Neri Gorjão aproveitar no Castelo, bem mais próximo do Quartel, hum bom armazém, Coberto, e abóboda, o qual se está estragando, por lhe chover, em consequência de estar sem telhado, e que mandando-se arranjar quanto antes, se evitará a sua total ruina11. Num outro documento com a mesma data, Governador da Praça refere: Não posso deixar de levar outra vez, ao conhecimento de Vª, a grande falta que fazem, as camas, para a Guarnição, desta Praça, não só, pelo que os Soldados estão fazendo aos habitantes*, onde estão aquartelados, mas muito particularmente, por não poder haver, huma disciplina, como a devem ter, estando todos reunidos em hum só quartel…11
*Aboletados nas casas dos habitantes da Vila de Abrantes. A titulo de exemplo do que efetivamente se passava na Villa de Abrantes quanto ao estacionamento das forças militares se publica parte de uma planta com as Ruas da “Corredoira”, “Esperança” e “Santa Iria” referente a 1768 com o número de militares e número das unidades  aboletadas em casas de civis.
 1768 - Planta de Guilherme Elsden
JANEIRO 7: Para o Batalhão dos Voluntários Realistas de Portalegre que se encontra nesta Praça, João Vieira Tovar e Albuquerque, governador de Abrantes, solicita ao Marquês de Tancos, um instrutor11.

JANEIRO 10: Marechal de Campo do Governo das Armas da Província da Beira Baixa, António Tavares Maggessi, manda que sair da Vila da Covilhã para a Praça de Abrantes onde ficam a aguardar novas ordens, o Batalhão de Voluntários Realistas da Covilhã e Fundão, seguindo o itinerário11:
Dia
Tranzito
10
Fundão
11
Lardoza
12
Castello Branco
13
Descanço
14
Sarnadas
15
Perdigão
16
Vendas Novas
17
Panascozo
18
Abrantes
JANEIRO 12: Espingardas entregues pelo General da Beira Baixa nos Armazéns da Praça de Abrantes recolhem à Real Junta da Fazenda do Arsenal do Exército, para serem consertadas e postas em estado de serviço11.
JANEIRO 18: Intendente Fiscal das Obras Militares manda proceder ao reparo do telhado de hum armazém da Praça de Abrantes11.
JANEIRO 20: Por ordem de João Vieira Tovar e Albuquerque, sai desta Praça com destino a Santarém, onde devem esperar novas ordens, o Batalhão de Voluntários Realistas da Covilhã e Fundão, seguindo o itinerário11.
Dia
Tranzito
20
Punhete
21
Golegã
22
Santarém (chegada)
JANEIRO 21: Marechal de Campo do Governo das Armas da Província da Beira Baixa, António Tavares Maggessi, faz marchar de Castelo Branco para esta Praça o Batalhão de Voluntários Realistas de Castelo Branco e Penamacor, seguindo o itinerário11:
Dia
Tranzito
21
Sarnadas
22
Perdigão
23
Vendas Novas
24
Penhascozo
25
Abrantes (Chegada)
 Nota: Pelos quadros publicados (JANEIRO 10/20/21), podemos ver a importância da Praça de Abrantes no contexto das lutas liberais, quer no recrutamento quer no trânsito de algumas das muitas unidades militares que por aqui passaram ou aboletaram, e ainda o esforço físico que era pedido aos militares durante a marcha por itinerários inimagináveis para os dias de hoje.
JANEIRO 18/21: Proposta do Governo das Armas da Beira Baixa para nomeação de oficiais destinados ao Batalhão de Voluntários Realistas de Abrantes11.

JANEIRO 25: Com saídas repentinas desde 1828 desta Praça, e sempre em operações, João José Doutel (Regimento de Infantaria de Abrantes), agora acantonado em Alcabideche, requisita ao Arsenal Real 159 fardamentos para formar um Corpo de Policia:
Calças de Panno Azul
159
Jalecos de Policia
159
Barretes de Policia
159
Gravatas com chapas
159
Pares de Polainas
159
Calças de linho
159
Pares de meias
159
Camizas
159
Pares de Çapatos
159
Pares de sollas, e tacoens
159
Nota:
No mesmo oficio, a partir de Alcabideche, Doutel informa o Marques de Tancos não haver em todo o Regimento (Alcabideche) mais que nove alfaiates dos quaes dois se achão empregues em concertos necessários para os Soldºs Velhos, e os sete que restão, que são mui poucos, nos arranjos das Recrutas… que havendo recebido na véspera que este Corpo sahio d’Abrantes o fardamento com o 1º e 2º Simestre para as Praças que tinhão direito a elle no Biennio d’1827, e 1828, este se acha ainda todo na quella Praça (Abrantes) por fazer…devendo por esta ocasião ponderar mais a V. Exª, que bem necessário se torna tratar-se também do arranjo deste ultimo, porisso que estando os Soldºs neste acantunamento em pecimos Quarteis, e dormindo todos vestidos, chegarão em pouco tempo a não terem couza alguma (ver ABRIL 7/17) 11.
JANEIRO 27: Comandante do novo Regimento de Infantaria de Lisboa, solicita ao Marquês de Tancos o envio de três alfaiates dos 20 que estão na Praça de Abrantes, pelo tempo necessário á factura do fardamento, para o ditto Regimento11.
FEVEREIRO 9: Por solicitação do Brigadeiro Graduado, Tovar e Albuquerque, Governador da Praça de Abrantes, as 12 barcas forradas a cobre que se encontram em estado de ruina junto ao Tejo, são mandadas recolher aos armazéns da Nitreira em Braço de Prata para conserto, conservando-as depois para serem empregues quando necessário11.
FEVEREIRO 17/25: Cavalos oferecido gratuitamente para o serviço das Batarias de Artilharia e Artilharia Volante de Abrantes11:
Movimento Absolutista (D. Miguel) em Abrantes - nome dos residentes desta Praça e outros que ofereceram cavalos à causa:
Nome
Cavalos
Do Fundão

Juiz de Fora do Fundão
5
De Abrantes

Governador da Praça João Vieira de Tovar
1
Manuel José de Almeida
1
Joaquim Manoel da S Raposo
1
Pedro de Mendonça
1
José Rodrigues Ferreira
1
João Alves Grácio
1
Pedro Lobinho
1
Anastácio José Líbano
1
Alexandre Mendes
1
José Gonçalves Bobella
1
Simão de Almeida Valejo
1
António Carlos Cor(n)des
2
Manuel Joaquim do Cabo
1
Jerónimo José de Paiva
1
Cap. Mor Sardoal, Jacinto Ferrão Borq(g)uete de Albergaria
1
Manuel Lopes Velho
1
Anacleto José da Fonseca Pimenta
1
João Gadanho Serra
1
António de Almeida Peixoto
1
Bernardo C(G)orjas Henriques
1
Material que fazia parte do Parque de Artilharia: além do Armão fazia ainda parte a Forja de Campanha (Fig. 1), Cabrões de Munições (Fig. 2) e Barcas (Fig.3):


FEVEREIRO 11/MARÇO 3 e 9: Durante algum tempo, junto do Capitão-mor desta Praça, às ordens do Presidente da Comissão de Recrutamento, Visconde do Real Agrado, esteve o Alferes do Regimento de Infantaria de Chaves, João Pedro Gonçalves a proceder a recrutamento de militares para os Regimento de Infantaria de Abrantes e Estremoz. Alferes Gonçalves não se fez acompanhar do Visconde do Real Agrado do por se encontrar doente em Castelo Branco11.
MARÇO 5: Estava de Guarnição em Abrantes o Regimento de Milícias de Santarém, aquartelados no Castelo, e tendo os soldados aboletados pela Vila DO113.
-A Irmandade dos Passos de S. João pagou pela Guarda de Honra que acompanhou a Procissão dos Passos 2.000 réisDO114.
MARÇO 16: Tenente Coronel João José Doutel solicita ao Marques de Tancos que seja satisfeita a requisição de 200 armamentos, e vestuário para cubrir o desgraçado estado de nudez em que se achão os recrutas […] outro não menor numero dellas (tropas) que se achão promtas, e armadas, e equipadas como resto destes artigos que o Corpo tinha disponíveis, por se não terem fornecido os Competentes Capotes, que he que neste acantunamento lhes serve de cama…11.
Nota: João José Doutel do Regimento de Infantaria de Abrantes quando faz a requisição de armamento e vestuário para as tropas sobe o seu comando, encontrava-se acantonado em Alcabideche.
MARÇO 29: De Vila Real, Visconde do Real Agrado envia para a Praça de Abrantes mais 12 recrutados11.
ABRIL 2/4: Seis Obuzes, com os ditos Reparos, e palentas; bem como seiscentas granadas; ou Bombas próprias, são expedidas da Praça de Abrantes para a Capital (Lisboa), ficando às ordens do Arsenal11.
ABRIL 7: Tenente Coronel Doutel solicita ao Marquês de Tancos 50 alfaiates dos Corpos da Capital para fazer fardamentos dos “panos” que chegarão a Cascais do Depósito da Praça de Abrantes. Em anotação, no mesmo ofício, Marquês de Tancos manda que sejam enviados os alfaiates disponíveis nos diversos Corpos da Capital11.
ABRIL 13/14: Da Praça de Abrantes para o Quartel da Feitoria (Oeiras), o Regimento de Milícias da Guarda movimentou 307 Praças das 616 que constituem o seu estado efectivo. Durante a marcha reunirão ao seu Corpo 28 Praças que estavam de licença ou em diligência11.
ABRIL17: Preocupado em recuperar fardamentos que datam de 1827/1828, e, por não lhe parecer próprio fazerem-se descontos aos Soldados pª similhante fim, Doutel pede autorização ao Marques de Tancos para tirar dos diferentes fundos da Caixa do Regimento (Infantaria de Abrantes), a importancia pereciza para os aviamentos…11.
ABRIL 21: Por repetidas ações e cortesias aos presos políticos na Cadeia da Câmara e também na prisão da Esperança, Governador da Praça de Abrantes, João Vieira Tovar de Albuquerque, manda prender o Alferes Desligado do serviço Manuel Maurício Crivas que por Ordem do Ajudante General de 5 de Novembro de 1831, foi mandado para esta Vila de Abrantes, tendo chegado a esta Vila a 7 do mesmo mês.
Nota: Na comunicação que o Governador de Abrantes faz a António Tavares Magessi, Governador da Província da Beira Baixa sobre a prisão do Alferes Crivas, é referido: […] e tenho partes, que dava anteriormente estes papeis, muito particularmente quando avia alguma noticia que aos malevollos passaria […] em consequência do que  julgo que  não convem a sua estada nesta Praça; não só pelos muitos Prezos Politicos que ha, como por aver bastantes habitantes pouco afectos a ElRey Nosso Senhor, o Senhor Dom Miguel 1º; e não aver Prizoens Proprias p. officiaes.
Igualmente levo ao conhecimento de V. Exª, que com elle está  hum irmão; e agora que sei q. veio para aqui sem passaporte[…] Quando tomei posse do Governo desta Praça já se achavão nella: o que tenho endagado a respeito deste Irmão, que he hum perfeito vadio11.(ver NOVEMBRO 14)
ABRIL 28: …abandonando os seus interesses, porque em fim trata-se de salvar o Rei, e defender a Santa Religião de nossos Pais…, encontram-se na Praça de Abrantes: Companhia de Veteranos, Voluntários Realistas de Portalegre, Regimento de Milícias de Santarém, Regimento de Milícias da Guarda, Regimento de Milícias e Voluntários Realistas de Castelo Branco11/68.
MAIO 3: Junta de Saúde do Hospital Regimental estabelecido na Praça de Abrantes procede a inspeções de Praças e dá-lhes o respectivo destino11.
-Visconde do Real Agrado (Penafiel) pôs em marcha para esta Praça mais 27 recrutados, perfazendo assim 314, conforme o determinado por El Rey Nosso Senhor11.
MAIO 8: Comandante do Regimento de Elvas solicita envio de Alfaiates que se encontram no Regimento de Infantaria de Abrantes para fazerem uniformes de polícia para 75 recrutas11.
MAIO 11:por ordem do seu Commandante, em parada, junto ao Castello da Praça de Abrantes, onde se acha aquartelado o Regimento de Milicias de Santarém, o Major Francisco Pereira de Mattos*, repetio, hum breve mas energico discurso, em que fez ver, que se todos os indivíduos, de que se compõe aquelle Corpo, que tem a honra de pertencer á parte sã que fórma a maioria da fidelissima familia Portugueza, conservâo impressos nos seus corações o sagrado dever de derramarem todo o seu sangue em defeza do Altar e do Throno em qualquer época, e muito mais agora pela independência do seo povo Portuguez, por isso que he empunhado pelo Muito Alto, e Muito Poderoso Rei e Senhor Dom Miguel Primeiro, Nosso unico Legitimo Rei e Senhor Natural, de cuja Preciosa Vida pende a ventura de Portugal, e pela defeza da qual todos os bons Portuguezes se tem decidido, reunido, protestado, e offerecido suas vidas e fazendas, reiterando seus repetidos e sagrados juramentos; não menos devia ficar em memoria a Graça, que o Mesmo Augusto Senhor acabava de conferir áquelle Regimento, permitindo que todo elle podesse usar de Medalha com a Sua Real Effigie, deferindo assim benignamente á suplica, que subio á Sua Real Presença: e tendo concluído, levantou o mesmo Major os Vivas á Nossa Santa Religião Catholica Romana, e ao Augusto Monarca que della he decidido Protector, o Nosso Amabilissimo Rei o Senhor Dom Miguel Primeiro, Vivas repetidos multiplicadas vezes pela Officialidade e mais Praças de todo o Regimento, com o maior enthusiasmo e alegria.
Tendo acabado a revista, tanto a Officialidade como todos os mais indivíduos daquele Regimento, (ainda que desprevenidos) fizeram subir ao ar hum sem numero de foguetes, entre repetidas aclamações e Vivas aos mesmos Sagrados e caros objectos, e isto não só durante o dia mas também de noute, iluminando os seus quarteis, e entoando incessantemente o Hino Realista; e tendo-se aproximado ao quartel do Exellentissimo Governador da Praça, que também da sua janella deo iquaes Vivas, por eles forão repetidos com inthusiasmo, e decorrendo por toda a Praça o mesmo Regimento com os seus Officiaes e muitos Realistas de Castello Branco, se recolherão depois, dando sempre milhares de Vivas a El Rei Nosso Senhor; e durante este período, em que mostrarão assim agradecidos o seu regozijo, se conservou a melhor ordem e harmonia, sem que ocorresse a menor circunstancia que a perturbasse.
*Francisco Pereira de Mattos, Major de Milicias de Santarém69
D. Miguel I
“Offerecido á Fiel, e Valoroza Tropa Portugueza” 70
MAIO 29: Chegam à Praça de Abrantes “NOTICIAS” dos horrores cometidos pelo governo de D. Miguel I que enforca os que são fieis á Legitima Rainha a Senhora D. Maria II(ver JUNHO 25) 11.
JUNHO 2: Visconde do Real Agrado (Penafiel) envia para o Regimento de Infantaria de Abrantes mais 4 recrutados e 1 voluntário para servirem nesta Praça11.
JUNHO 23: Para não morrerem de fome no Depósito de Braga, Coronel Francisco José Monteiro Pinto de Lacerda envia 213 recrutas para assentarem praça Regimento de Infantaria de Abrantes11.
JUNHO 24: Com 17 anos de idade, Raimundo José Soares Mendes*, é nomeado no posto de ajudante das ordenanças da Capitania-Mor de Abrantes.
Raimundo José Soares Mendes
*Raimundo José Soares Mendes (1815/1900). Abastado proprietário exerceu por diversas vezes o cargo de vereador da CMA e outros de confiança política. O seu nome ficou ligado ao Montepio Abrantino, de que foi benemérito.
JUNHO 25: Aos militares das Praças e Fortalezas do Reino: SOLDADOS PORTUGUEZES - Ouvi os gemidos da humanidade aflitta, e a vóz da Patria, que implora o vosso auxilio, e vos convida a praticar huma Acção heróica! Recuperai a vossa antiga gloria; abandonai o Usurpador; univos Ao Senhor D. Pedro, e aos vossos beneméritos camaradas que Elle pessoalmente comanda; salvai a Patria, a Honra , e a Dignidade Nacional; restaurai o Throno A Nossa Ligitima Soberana, a Senhora D. Maria IIª, e a Carta Constitucional… Viva a Carta Constitucional, Viva a Rainha D. Maria IIª, Viva O Senhor D. Pedro Nosso Libertador, e Viva o bravo Exercito Portuguez! 11

 
D. Maria II
 D. Pedro IV e D. Miguel I a brigar pela coroa portuguesa
JULHO 2: Por ordem de El Rei, João José Doutel, Tenente Coronel do Regimento de Infantaria de Abrantes, com Quartel em Cascais, envia oito praças do seu comando para continuarem o Real Serviço no Regimento de Artilharia da Corte11.
JULHO 13:Sua Majestade o Senhor D. Miguel faz saber ao Governador da Praça de Abrantes que autoriza o Prior de S. Pedro desta Praça, Luis António Ferreira Bairrão a organizar uma Companhia de Atiradores (ver AGOSTO 4) 11.

JULHO 14: Agostinho José da Costa, Coronel Tenente Rey da Praça de Abrantes, Presidente da Comissão de Recrutamento, desloca-se a Castelo Branco, Guarda, Lamego, Viseu. Nestas localidades, recruta 1524 militares nos Distritos das Capitanias Mores e faz a distribuição dos mesmos pelos Corpos da 1ª Linha cuja relação faz em Abrantes e remete ao Marques de Tancos11:

DISTRIBUIÇÃO - CORPOS 1ª LINHA
Regimento Caçadores Beira Baixa
559
Regimento Cavalaria do Fundão
298
Regimento Caçadores Alem-Tejo
453
Regimento de Cavalaria de Elvas
214
TOTAL
1524
Nota:Recrutamento para as tropas da 1ª Linha começou em Agosto de 1831 e terminou em 14 de Julho 1832, data em o Coronel Agostinho José da Costa regressou à Praça de Abrantes e envia ao Marquês de Tancos relação com a colocação dos recrutados. Durante o período de recrutamento, houve muitas deserções e pedidos do Tenente Rey da Praça de Abrantes de forças militares com baioneta para acompanhar os recrutados aos seus destinos.
JULHO 17: Sem um Oficial de Linha, com disciplina e detalhe de serviço a cargo do Batalhão de Castelo Branco e escrituração a cargo do Batalhão de Abrantes, o Batalhão de Voluntários Realistas de Abrantes é mandado armar e marchar para Castelo Branco11.
JULHO 23: Para comandar o Depósito de Prisioneiros de Salvaterra de Magos, Governador de Abrantes, João Vieira Tovar e Albuquerque, manda apresentar no referido Depósito o Tenente Rei desta Praça Coronel Agostinho José da Costa para receber os prisioneiros rebeldes*. Escolhido pelo Tenente Rei segue um Sargento de Veteranos desta Praça.
*Prisioneiros rebeldes enviados para Abrantes entre julho a outubro são remetidos para Depósito de Salvaterra de Magos11.
JULHO 31: Em consequência da moléstia do Alferes de Veteranos, Governador da Praça de Abrantes João Vieira Tovar e Albuquerque, nomeia para Comandante do Depósito de Prisioneiros de Abrantes, Manuel Vaz que se encontra destacado nesta Vila11.
AGOSTO 1/2: Por insistência do Governador da Praça, é expedida ordem à Repartição de Obras Militares para, sem perda de hum momento, proceder á factura do Cancellão, e alguns concertos na prizão que deve servir, na Praça de Abrantes aos prisioneiros Rebeldes…11
AGOSTO 3: Doze rebeldes dão entrada no Depósito de Prisioneiros de Abrantes. Entre eles encontram-se dois ingleses que se apresentaram sem farda, em camiza, quazi descalços, mal emrroupados11.
AGOSTO 4: Governador da Praça de Abrantes solicita ao Marquês de Tancos: … para ser presente a El Rey Nosso Senhor, Como Comandante em Chefe do Exercito, que não tenho dado instruções algumas ao Prior da Freguezia de S. Pedro desta Villa Luiz Antonio Ferreira Bairrão, por não ter senão 24 homens para a formatura da sua guerrilha, pois que huma força tão piquena, não sei que instruções  lhe possa dar; permitame V. Exª que eu diga com a maior franqueza de que estou porsuadido, que este Prior pouco fara, pois he hum homem muito falador, e hum expalha: athe já me falou para que passase ordem ao Capitão Mor para que os 24 homens que diz ter sejam dispensados de qualquer serviço das ordenanças…11.
AGOSTO 8: Por impossibilidade de continuar a ter 50 presos políticos na Prisão Militar da Esperança, que por ordem do Corregedor da Comarca de Coimbra foram remetidos para a Praça de Abrantes, são os mesmos transferidos com a devida segurança e necessário auxilio militar para a Cadeia de Penamacor11.
AGOSTO 14: Por terem desaparecido os livros de registos das Praças do Batalhão de Caçadores Nº 11, capturadas pelos rebeldes na Ilha dos Açores e que se apresentaram às autoridades civis, são os mesmos inscritos no livro de registos do Regimento de Infantaria de Abrantes11.
SETEMBRO 3: Com o Quartel em “Collares” - João José Doutel, Tenente Coronel do 1º Batalhão do Regimento de Infantaria de Abrantes envia ao Marquês de Tancos relação das praças desta Unidade que desembarcaram com os “rebeldes”, capturadas na Ilha dos Açores e se apresentaram para continuarem o “Real Serviço”11.
Nota: No Ofício que envia a relação, Doutel, considera não entregar armas aos apresentados por suspeitar estarem conspirando com os rebeldes e desaparecerem com as mesmas.
-Na mesma data (Setembro 3), El Rey  N. Sr Determina ao Governadador da Praça de Abrantes João Vieira Tovar e Albuquerque q. da pólvora constante na Praça de Abrantes se remetta  com a possivel brevidade duzentas arrobas della pª o Depozito de Amarante, e duzentas vellas de Composição, e cincoenta granadas de 5 polegadas e huma linha com sua espoleta e cartuchos próprios pª 16-20 e 24 onças e seja tudo entregue no Quartel General de Vizeu, pª o Exº General da Provª. da Beira Alta remeter ao lugar do seu destino. Um oficial e 40 homens da Guarnição de Abrantes fizeram a escola11.
SETEMBRO 5: Com destino ao Exército de Operações, sai do Depósito da Praça de Abrantes, com destino a Coimbra, Cem mil cartuxos embalados de Infanteria, e 6#000 pederneiras11.
SETEMBRO 10: Quartel em “Collares” - Em cumprimento das ordens de “El Rey”, por ofício de 22 de agosto, Comandante do 1º Batalhão do Regimento de Infantaria de Abrantes (Doutel), envia ao Marquês de Tancos relação nominal dos militares mortos ou prisioneiros do rebeldes que fizeram parte da Expedição à Ilha dos Açores, para serem pagos alimentos às famílias11.
Nota: No mesmo lote de documentos podemos ver o número e tipo de embarcações existentes na Ilha em número de 50 e nome dos 13 rebeldes que vieram de Inglaterra para a Ilha Terceira11.
SETEMBRO 20/29: Falta de dinheiro para comprar Risposteiros=(lona) destinados a uma carreta de munições e pólvora que da Praça de Abrantes se remeteu para o Exército, Governador da Praça compra 25 Esteiras de Colmo11.
SETEMBRO 27: Regimento de Infantaria de Abrantes faz marchar do Quartel de Pombal para Condeixa uma força de 640 militares e 3 cavalos11.

SETEMBRO 30: Força militar do Depósito de Prisioneiros de Abrantes11:

Capitão
1
Primeiro-sargento
1
Segundo Sargentos
2
Anspeçada
1
Soldados
14
OUTUBRO 4 a NOVEMBRO 21: Reforça a Praça de Abrantes o Regimento de Milícias de Santarém11.
NOVEMBRO 3: Governador desta Praça envia Oficio* e “mapa” ao Marquês de Tancos onde consta a existência da força militar, bocas-de-fogo e presos existentes na Vila de Abrantes.
*À margem do ofício encontra-se uma anotação com a seguinte inscrição: “falta mapa”11.
NOVEMBRO 11: Do Arsenal do Exército é enviado para a o Depósito da Praça de Abrantes sob escolta de 1 Alferes, 1 Sargento e 37 Baionetas, todos do Regimento de Infantaria de Abrantes, as seguintes munições11:
Balas razas* de calibre 18
2250
Sacos de silaça para calibre 18
2250
Sacos para calibre 24
500
Valeiras com fundos para
 condução das ditas balas
50
* Balas razas= Balas maciças de ferro.
NOVEMBRO 14: João Vieira Tovar Albuquerque Governador da Praça de Abrantes emite ordem ao Tenente Coronel do Batalhão de Voluntários Reais de Castelo Branco que presida a um Conselho de Averiguações para ouvir o Alferes Desligado do Serviço, Manuel Maurício Crivas por tentativa de evasão da Prizão da Esperança, no dia 13 de novembro.
Nota: Ofícios do Governador Tovar e do Governador da Beira Baixa, sobre a constituição para o processo de averiguações e comunicação do comandante da guarda da prisão da “Esperança” a respeito da fuga e auto das testemunhas etc., por extensas, não são publicadas neste espaço11.
DEZEMBRO 1: Força militar do Depósito de Prisioneiros de Abrantes, sob o comando do Tenente Coronel Francisco Xavier Coelho:
Capitão
1
Alferes
1
1º Sargento
1
2ºs Sargentos
3
Furriéis
2
Trombetas/Tambores/Cornetas
1
Anspeçadas
2
Soldados
52
Prisioneiros Rebeldes
30
DEZEMBRO 12:      João Vieira Tovar e Albuquerque, Governador desta Praça comunica ao Visconde de Molellos, ter vindo para o Depósito de Prisioneiro de Abrantes um individuo com o nome falso de João Peciodonio de Brito e que esteve como frade num convento na Ilha 3ª da Madeira11.
11AHM.
67A Conservação do Uniforme Militar - Pedro Soares Branco (Médico. Membro da Academia Nacional de Belas Artes)
68Gazeta de Lisboa Nº 79 – Ano 1832 – 2ABR – págs. 403/404.
69Gazeta de Lisboa Nº 126 - Ano 1832 – 29MAI – pág. 635.
70BN/http/purl.pt/13749 - Pedro Antonio Joze dos Santos, lithographo, retratista, e creado particular de S.M./A.O.S. 
DO113/114Manuscritos D.O.