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HISTÓRIA MILITAR DE ABRANTES (XXI-II)

Por José Manuel d’Oliveira Vieira
Continuação
1834
MAIO 22: Entra em Abrantes o batalhão móvel de Alcobaça (ver JUNHO 11)11/DO123.
(com a extinção em 10 de julho de 1832 dos Batalhões de Voluntários Realistas que D. Pedro acusava de ilegalmente organizados foram criados os Batalhões Nacionais e estes extintos em 1834 após a vitória liberal1)
 MAIO 30: A exercer o cargo de Governador Militar desta Praça o Coronel Manoel de Sousa Raivoso, manda espalhar pela Vila de Abrantes Exemplares da Chrónica e solicita ao Oficial Maior, Miguel José Martins Dantas para que a sua acção seja levada ao conhecimento ao Ministro da Guerra (Anexo 3)11.
 MAIO 31: Ministro da Guerra encarrega Miguel José Maria Dantas da Secretaria do Estado dos Negócios da Guerra de dizer ao Governador de Abrantes para q. conserve por ora em Abrantes os Generaes*, e mais Praças ali aprrezentadas, até nova ordem… 11
*No dia 4 de junho, Miguel José Maria Dantas da Secretaria do Estado dos Negócios transmite Governador da Praça de Abrantes para conceder licença e recolherem a suas casas os generais: Visconde de S. João da Pesqueira e João Maria Xavier de Brito (sobre este assunto, ver Anexo 1 de 21 de maio)11.
MAIO 31: Concedida a amnistia geral para todos os delitos políticos cometidos (não rebeldes), tropas reunidas em Évora largaram armas, as pertencentes ao Exército da Beira Baixa chegam a Abrantes comandadas pelos seus oficiais e recebem guia de marcha para os seus domicilioAG344.
JUNHO 2: Milicianos e guerrilhas abrangidos pelo indulto concedido por Decreto de 27 regressam a suas casas.
-Marechal Conde de Saldanha avisa Governador da chegada de um numeroso contingente de “capitulados” que devem ficar nesta Praça e de um outro igual que deve seguir para Viseu11.
JUNHO 3: Cinco mil militares amnistiados pela Convenção de Évora Monte*, chegam à Praça de Abrantes e são mandados acampar na margem esquerda do Tejo, no Rocio de Abrantes (Anexo 4)11.
*A assinatura do Tratado de Évora Monte que põe fim à guerra civil e ao governo de D. Miguel é de 26 de maio. Aos vencidos é concedida a amnistia geral de todos os crimes políticos. A notícia é dada no Suplemento nº 124 Crónica Constitucional de Lisboa, 27 de maio de 1834, dição de 3ª feira, razão porque o Governador da Praça de Abrantes refere o dia 27 de maio.
JUNHO 4: Governa da Praça de Abrantes informa a Secretaria da Guerra, que ficarão, e se aprezentarão competeteme, quando os Rebeldes a abandonarão, hum Cappão  de Enginheiros, feito Coronel, pelo governo intruso, com algumas Praças do Bãod’Artifices, e hum Destacamo dos mesmos em Punhete, Commandado por hum 1º Sargto, que concorreu com os seus Soldospara a Aclamação de Sua Mage e da Carta n’aquella Villa…encarregados da conservação das duas pontes , sobre o Tejo e Zêzere, desfeitas por ordem do governo intruso após o combate da Asseiceira… 11
Em resposta à informação prestada, Governador da Praça recebe ordens do Ministério da Guerra para os oficiais e soldados do Corpo de Engenheiros regressarem a Lisboa11.
JUNHO 7/26: Devido ao grande número de convalescentes que saíram do hospital e se encontram no Depósito de Apresentados o Governador, Manuel de Sousa Raivoso recebe ordem de S. M. I. o Duque de Bragança para dar baixa e escusa de serviço a todas as praças existentes no Depósito da Praça de Abrantes11.
JUNHO 11: Em cumprimento da ordem dada por José Lúcio Travassos Valdez, Ajudante General do Exército Liberal, o Coronel Raivoso passa Guias de marcha aos dois Batalhões Nacionaes Moveis d’Alcobaça, e o 5º de Lisboa, para estes saírem de Abrantes. No mesmo ofício Governador desta Praça informa ainda o Ajudante General do Exercito: … os Soldados do Regimento Nº 18, que está fazendo a Guarnição desta Praça, forte de quaze mil Praças efectivas, estão aquartelados pelas cazas dos particulares, de que pode rezultar algm disgosto, e não pode ser aquartelado no Quartel do extinto Rº. 20, por que não tem camas, nem cabides, nem couza alga, que tudo foi distruido pelos rebeldes na sua fuga.… Participo igualmente, que tenho aqui hum Depozito de apresentados, antes da Concessão d’Evora-Monte, que vai augmentando com os convalescentes, que diariame vão tendo alta do Hospital, a honde os seus mesmos camaradas/os rebeldes/ os deixarão não só ao desamparo, mas roubados de roupas; dinheiro, e utensílios, que tudo levarão11
JULHO 10/11: Presumindo que a Vila de Tomar vai ser atacada por dois fortes bandos de salteadores, Comandante Militar Interino de Tomar solicita no dia 10 ao Governo de Abrantes o envio urgente de tropa para aquela Vila.
Para que se desfizesse daqueles bandos, sob o comando do Capitão Veiga, no dia 11, Governador da Praça de Abrantes, autorizado por Portaria do Ministério da Guerra, manda sair de madrugada um forte Destacamento d’Oitenta Baionetas do Regimento Nº 18 para destruir aquelas quadrilhas11.
JULHO 11/23: Coronel Manoel de Sousa Raivozo, participa ao Ajudante General do Exército José Lúcio Travassos Valdez ter sido arrombado e roubado no dia 10 hum paiol, e hum armazém no Castelo desta Praça, sitio mais forte d’ella, e guardado d’onze homens, sendo necessário para fazer o dito arrombamento, ou escalar três muros fortes, ou hir d’acordo com a guarda, que está toda preza, por fundadas suspeitas com os delinquentes. No mesmo ofício, Governador da Praça propõe que, por desnecessária, a grande quantidade de pólvora que se encontra mal segura na Igreja de S. Francisco, seja enviada para a Capital e ficar apenas com os paióis do Castelo. É ainda solicitado a reparação do paiol que se encontra fora da esplanada da Praça de Abrantes11.
                              
JULHO 26: Regimento de Infantaria Nº 18 ocupa o Convento de S. Domingos e Hospital deste Regimento ocupa extinto e arruinado convento de Santo António11.
Por decreto 30 de maio é extinto o Convento de Santo António da vila de Abrantes. No dia 24 de julho Dr. Bernardo Gorjão Henriques da Cunha Coimbra e Serra, provedor do Concelho da vila de Abrantes o bacharel Inácio Moreira Barroso procurador da Fazenda Nacional e o alcaide Luís António da Silva Lemos, tomam posse dos bens do convento, na presença do padre José Pinto Moreira de Almeida, ex-guardião do dito convento, bem como Diogo Emídio de Almeida, escrivão da Provedoria.
Regimento de Infantaria Nº 18 ocupa Convento de S. Domingos
Regimento de Infantaria Nº 18 ocupa o extinto Convento de St. António - na foto: antigas muralhas e o local onde existiu o Hospital do R.I. Nº 18
Convento de S. Domingos…serviu de Hospital aos Rebeldes…
JULHO 30: Comandante do Regimento de Infantaria Nº 18, Coronel Miguel Correia de Mesquita Pimentel, expõe ao secretário dos Estado e Negócios da Guerra, Agostinho José Freire, o pessimo estado em que se achão os aquartelamentos militares da Praça de Abrantes e lembra que o Convento de S. Domingos… que servia de Hospital aos Rebeldes, tem as proporçoens e comodidades precisas para hum bom quartel, e que ali podia ser alojado o R.I. Nº 1811.
AGOSTO 1: Dr. Bernardo Gorjão Henriques da Cunha Coimbra e Serra, provedor, Diogo Emídio de Almeida, escrivão e o Dr. Inácio Moreira Barroso como fiscal por parte da Fazenda Nacional, bem como Luís António da Silva Lemos, tomaram posse do convento de S. Domingos, na presença do padre Frei António Gomes Arvelos3/4.
AGOSTO 12: Passam a ter exercício no Hospital Militar da Praça de Abrantes como Diretor o médico José Gonçalves Bobela, como Cirurgião Clinico o Cirurgião Mor Francisco Luis de Olivceira e Boticário Encarregado João Henriques de Almeida GatinhoAG345.
AGOSTO 17: Miguel Correia de Mesquita Pimentel, comandante do Regimento de Infantaria n.º 11, exerce o cargo de governador militar interino da praça5.
AGOSTO 18: Inicia-se a organização da Guarda Nacional do concelho5.
AGOSTO (!): Ocorrem alguns desacatos entre os moradores da vila e militares do Regimento N.º 115.
SETEMBRO (!): Em cumprimento à Circular de 25 de julho último, João António do Carmo, Comandante Interino da Companhia de Veteranos de Abrantes exclui das listas e dá baixa de serviço a 10 oficiais promovidos pelo usurpador, que se encontram naquela Companhia11.
SETEMBRO 17: Joaquim Pereira de Eça exerce o cargo de governador militar interino da praça5.
SETEMBRO 20: Por Decreto passa a Tenente Rei da Praça de Abrantes o Tenente Coronel Graduado de Infantaria, José Luiz d’Almeida PimentelAG345.
SETEMBRO 20: Planta que se junta ao orçamento para o paiol projetado para a Praça de Abrantes pelo 2º Ten. do Real Corpo de Engenheiros Caetano Alberto Maia COTA 394-1-1-1:
COTA 394-1-1-1 GEAEM
SETEMBRO 29: Exerce o cargo de Governador Militar da Praça de Abrantes o Tenente Coronel José Luís de Almeida Pimentel5.
OUTUBRO 12: Batalhão da Guarda Nacional do concelho elege o seu Estado-maior5.
OUTUBRO 28: Artº 6155º - Ordem Nº 5 – S.M. houve por bem mandar admitir no R. C. M. (Real Colégio Militar) o filho de T. J. da Silva, Coronel e Governador Interino da Praça de Abrantes AG20.
 OUTUBRO 29: A CMA inicia o pagamento de indemnizações às pessoas que sofreram prejuízos durante o governo miguelista5(Anexo 5).
OUTUBRO 29: Exerce o cargo de Governador Militar da Praça de Abrantes o Coronel Florêncio José da Silva5.
***
Anexo 3
IllSnr
Recebi as 11 horas da noite de ontem os três exemplares da Chrònica de 28, e os dez Suplementos de 27, que expalhei imediatamente, para que todos soubessem q.os rebeldes estão já desarmados, e o seu Cheffe em vergonhosa retirada pª não mais voltar a Portugal; por tão plauzível  noticia convidei as três Classes de Cidadãos (o sublinhado é meu), e os Officiaes dos Corpos da Guarnição pª darmos  Graças ao Todo Poderozo, o q. teve lugar pelas 11 horas da manhaã na Igreja de S. Vicente, a onde se cantou hum Solenne Te-Deum, seguindo-se huma parada geral com as decargas de Artª, e ;Mosquetaria, e Vivas do (…!); O que dezejo chegue ao conhecimº de S. Exª o Snr Ministro d’Estado da Guerra.
Des Gde a VSª
Quartel em Abrantes 30 de Maio de 1834
Illmo Snr Miguel Joze Mar Dantas
Manuel de Souza Raivozo
Cel Governador d’Abrantes
***
Anexo 4
IllSnr
Recebi no Corro de hoje os exemplares da Chronica.
Por esta occazião participo a V.Sª, que ontem  se aprezentarão ás portas desta Praça perto de sinco mil homens dos amnistiados, e Comandados por Paulo Maurity, q. se dizia Brigadeiro, á vist de tão grande nº, e da leitura do Convenio feito em 27* do passado mez (Maio) em Evora monte, shaí da duvida, q. tinha reprezentado a V.Sª no fim dom meu (!...) Offo,e mandei q. acampassem na esquerda  do Tejo, e q. hoje seguissem a sua marcha pª. os seus destinos, á excepção da Tropa, q. vem com destino pª. esta Praça, q. entra nella esta manhaã, a fim de serem passadas as Guias individuale pª. os seus domicílios aos (!...) aministiados, no q. estou, trabalhando, e lutando com as difficuldes, q. necessariame devem rezultar da confusão inseparável que taes acontecimos  ; mas farei mto pª que tudo se faça sem disgosto ao menos no terreno  abrangido pla ma curta Authoride. Os amnistiados tem sido competentme municiados.
Ds Gde a V Sª
Qel em Abrantes 4 de Junho de 1834
 Illmo Snr Miguel Joze Mar Dantas
Manuel de Souza Raivozo
Cel Governador d’Abrantes
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Anexo 5
Pelo abate de oliveiras, árvores de fruto, demolição de casas, muros e rendimentos não auferidos etc., após as tropas miguelistas abandonarem a Praça de Abrantes, Câmara dá cumprimento ao Decreto de 31 de Agosto de 1833 e Portaria de 20 de Novembro do mesmo ano que obriga os miguelistas a responder com os seus bens pessoais para ressarcimento dos danos causados aos liberaisDO117/118/119.
POR PERDAS E DANOS A CÃMARA DE ABRANTES LIQUIDOU POR CÉDULA A FAVOR DE:
Bernardo Gorjão Henriques
860#800
David Henrique de Carvalho
2.784#000
Manuel Nunes Madureira
1.016#280
António de Almeida Peixoto
644#000
Epifânio António Bernardes Gonçalves de Sousa (a)
436#720
Padre João Freme de Oliveira
296#600
Padre João José da Silva
863#660
José Gouralles Bobela
1.399#440
José Gomes Calado
558#400
Joaquim Nunes de Carvalho
592#200
João Henriques de Almeida Maria de Nazaré,
 viúva de Manuel Maria da Rosa
296#600
Francisco José Raposo
1.579#300
Balbina da Conceição,
viúva de Joaquim Bernardo Regner
168#000
Aniceto César de Oliveira
133#500,
António Joaquim do Couto e Abreu (b)
434#507
José Sebastião Almeida Beja
228#000
Joaquim Maria de Almeida Beja (c)
2.137#500.

Cédula (original) – Propriedade José Vieira
(a)Exercia o cargo de “monteiro-mor” em Abrantes (1828).

(c)Guardião do Convento de Stº António. Feito refém das tropas de D. Miguel, foi libertado nas proximidades da Bemposta (1834)

(c) Juiz de fora (1833).
CARÍSIMOS BLOGUISTAS: vou iniciar  a pesquisa para os anos seguintes. Os milhares de documentos que possuo vão agora ser analisados para prosseguir a "HISTÓRIA MILITAR DE ABRANTES". De momento ficam publicados os anos": 1148/1834.  
ATÉ BREVE
José Manuel d'Oliveira Vieira