Por José Manuel
d’Oliveira Vieira
1831
JANEIRO a ABRIL: Por não haver militares suficientes na
Guarnição de Abrantes para fazer guarda aos presos, população prisional é
reduzida 11:
Meses
|
Nº de
Presos
|
Janeiro
|
23
|
Fevereiro
|
22
|
Março
|
26
|
Abril
|
27
|
JANEIRO 1: Brigadeiro Governador da Praça comunica ao Conde de
Barbacena, encontrar-se Guarnição e Habitantes
desta Praça em tranquilidade e leaes vassalos do mesmo Augusto Senhor 11.
FEVEREIRO 1 a MAIO 1: Para serem julgado em Conselho de Guerra, encontram-se no Presidio Militar de Abrantes 14 militares. Até ao fim de maio, o número de sentenciados mantém-se em 27 prisioneiros 11.
FEVEREIRO 1 a MAIO 1: Para serem julgado em Conselho de Guerra, encontram-se no Presidio Militar de Abrantes 14 militares. Até ao fim de maio, o número de sentenciados mantém-se em 27 prisioneiros 11.
FEVEREIRO 11: Francisco Xavier Cabral Neto, Capitão da 7ª Companhia
de Ordenanças de Abrantes 10.
FEVEREIRO 13: Francisco Mettelo Villalobos, Capitão da 9ª Companhia
de Ordenanças de Abrantes 10.
MARÇO: A
Irmandade dos Passos de S. João de Abrantes pagou pela Guarda de Honra, pífano
e tambor 2#600 réis DO112.
Nota:
PÍFANO - De 1796 a 1808 estes
elementos faziam parte da 1ª Companhia de Fuzileiros, tendo depois passado a
fazer parte do Estado-maior dos Regimentos. De cana, de cor natural, suspenso
da correia colocada a tiracolo encontra-se o estojo de couro para guardar o respectivo
instrumento. TAMBOR - Era
suspenso por uma correia de couro branco com uma chapa de metal amarelo com um
encaixe para guardar as respectivas baquetas. Protecção da perna esquerda em
couro branco, sendo presa à cintura e à perna por meios de correias. O tambor
era de cor de madeira (ocre claro) com as aduelas, que prendem as peles, de cor
vermelha, esticadores e cordões brancos. No meio encontra-se pintado as Armas
de Portugal, colocadas sobre quatro bandeiras cruzadas.
MARÇO 22: …visto o pouco zello que tem tido no arranjo
dos Soldados de Infantaria de Cascaes que Comanda nesta Praça é rendido o
Capitão do Destacamento. Por Ordem de
Sua Majestade, militares do mesmo Destacamento, devidamente uniformizados, são
reunidos ao 2º Batalhão do Regimento de Infantaria de Abrantes 11.
Nota: Capitão do Destacamento de Infantaria de Cascais que
se encontra na Praça de Abrantes é substituído por falta de actividade dos seus
militares se apresentarem-se mal uniformizados, mal vestidos e mal calçados.
ABRIL 2: Uma
força de 141 militares do Regimento de Infantaria Nº 20 de Abrantes marcha para
Peniche 11:
Itenerário
Que deve seguir o Destacamento do Regimento de
Infantaria Nº 20, da Praça de Abrantes para a de Peniche
|
|
Dias de márcha
|
Lugáres de pernoitação
|
2 de Abril
|
Punhete
|
3 de Abril
|
Gollegâ
|
4 de Abril
|
Pérnes
|
5 de Abril
|
Alcanêda
|
6 de Abril
|
Rio Maior
|
7 de Abril
|
Alt (!)
|
8 de Abril
|
Caldas
|
9 de Abril
|
Peniche
|
Quartel da Praça de Abrantes 30 de Março de 1831
António de Azevedo Coutinho Brigadeiro Governador
|
AHM
AHM
ABRIL 6: João
José Doutel, comandante do Regimento de Infantaria Nº 20, solicita ao Marques
de Tancos previdências necessárias para reforçar 2º Batalhão de Infantaria. A
falta de militares apenas chega para dár
dois quartos á Guarnição desta Praça, não folgando mais de Guarda a Guarda, que
meio dia 11.
ABRIL 9: Destacamento do
Regimento de Infantaria Nº 20 (Abrantes) substitui o Destacamento de Infantaria
Nº 19 que se encontra em Peniche. Durante os sete dias que durou a marcha o
tempo foi tão chuvoso que os militares do 20, por cansaço, não puderam render nesse
dia os militares do 19. Mau tempo impede rendição dos militares que se
encontram na Fortaleza de S. João Batista das Berlengas e posterior regresso a
Abrantes 11.
Berlengas - Fortaleza de S.
João Baptista
Foto - Arquivo Câmara
Municipal de Lisboa
-Por falta de tambores no 2º Batalhão do Regimento de Infantaria, não
é possível fazer os toques e serviço na Praça de Abrantes 11.
ABRIL15: Os Corpos do
Exército, passam a denominar-se com o nome da localidade onde se encontram AG341:
Soldado Regimento Infantaria
de Abrantes
(Por Sérgio Veludo Coelho)
Cores dos uniformes
Indicação quartéis permanentes
e denominação dos Corpos do Exército de Portugal 1831
ABRIL 17: A partir desta
data, por razões de segurança, todo o correio de Sua Magestade El Rey Nosso Senhor, destinado a outras Unidades da
Província é envio de imediato por mensageiro a cavalo 11.
MAIO 14: Por se encontrar
em estado de ruina desde 1828 a muralha de terra a barro contígua a Santo
António, Governador da Praça António de Azevedo Coutinho, solicita mais uma vez
a Filipe Neri Gorjão a reposição da mesma antes da próxima invernada bem como
um Oficial Engenheiro e um pequeno Destacamento de Artífices Engenheiros para
reparação das fortificações 11.
Muralha de terra e barro
Nota: Em Novembro de 1831 o Governador da Praça de Abrantes
voltará a fazer o mesmo pedido 11.
MAIO 28: Relação de todas
as barcas das Pontes Militares de Abrantes e Punhete que se desmancharão,
afundarão e foram entregues na Repartição das Obras Militres 11:
Classe dos
Barcos
|
Barcas q. se desmancharão
em
consequência
de não admitirem consertos
|
Barcas q. se desmancharão em consequência de
precisarem grandes consertos
|
Barcas q.
se
afundarão
|
Barcas
Entregues
|
Total
de
|
||
Ditas feitas em lenha q. se arrematarão
|
Ditas q. se distribuirão em lenha a Guarnição Praça Abrantes
|
Ditas feitas em lenha q. se arrematarão
|
Ditas q. se distribuirão em lenha a Guarnição Praça Abrantes
|
em Abrantes….
|
Repartição
Obras Militares
|
todas
as barcas
|
|
Barcas
|
1
|
“
|
9
|
10
|
3
|
42
|
65
|
Meias Barcas
|
3
|
36
|
“
|
“
|
“
|
5
|
44
|
MAIO 30: A partir do
Quartel do Real Corpo de Engenheiros, Manuel de Sousa Ramos refere Filippe Neri Gorjão a urgente reparação
das fortificações por um Destacamento de Artífices auxiliados por presos
sentenciados da Praça de Abrantes, pois, que à exceção de algumas do antigo
Recinto do Castelo são todas de terra ou pedra e barro e por consequência
sujeitas a ruina 11.
JUNHO 6/11: Pela venda das
velhas barcas das pontes do Tejo e Zêzere, em poder do Tenente Cazemiro Xavier de Azevedo, encontram-se 6#300 reis, sendo
1#200 em papel, proveniente da lenha que se vendeu. Para reparação de outras
barcas, El Rey Nosso Senhor ordena
que a quantia de 6#300 reis seja entregue na Repartição das Obras Militares 11
JUNHO 14: Sai da Praça
de Abrantes com destino à Vila da Nazaré o 2º Batalhão do Regimento de
Infantaria de Abrantes (ex Nº 20) e chega ao seu destino a 20 do mesmo mês. Por
falta de comodidades na Vila da Nazaré onde se encontra o Estado Maior e Menor, a 2ª Companhia fica na Vila de Pederneira e a
8ª e 9ª Companhia na Aldeia da Praia 11.
JUNHO 16/30: Uma força de
50 militares, incluindo, 1 alferes, 3 inferiores, um tambor do Regimento de
Infantaria de Abrantes, encontram-se a policiar Castelo Branco 11.
JULHO 4: Pelas dez
horas da noite onde permanecerá até Ordem
de El Rey Nosso Senhor, apresenta-se ao Governador da Praça de Abrantes o Conselheiro João de Mattos Barboza de
Magalhaes 11.
JULHO 11: Com Quartel
em Óbitos, João José Doutel, Tenente Coronel do Regimento de Infantaria de
Abrantes, faz deslocar um destacamento de 204 militares de um efetivo de 449 do
2º Batalhão do Regimento do Regimento de Infantaria de Abrantes da Nazaré para
Lisboa 11.
JULHO 16: Pelas nove horas
da manhã chega ao Quartel estabelecido no Convento de S. Francisco em Xabregas
o Destacamento de 204 militares do 2º Batalhão do R.I. de Abrantes 11.
JULHO 15: Por razões de
segurança todo o correio que chega a esta Praça destinado ao Governador das
Armas desta Província (Castelo Branco), é enviado de imediato por um mensageiro
a cavalo. Marquês de Tancos é informado pelo Governador António de Azevedo
Coutinho que n’esta Praça, e seu Destrito
conservasse a maior tranquillidade, e Obediencia 11.
JULHO 20: Governador da
Praça de Abrantes, António de Azevedo Coutinho, nomeia um conselho de
Investigação a que vai responder o Cabo de Esquadra Damásio José Pereira, que
tendo levado presos a Lisboa e regressava a esta Praça, numa taberna na
Azambuja, no dia 14 de Julho, terá dito algumas
palavras, ou expressões sediciozas, Contra a Pessoa de El Rei e Senhor D.
Miguel Primeiro… que os cinco* Constitucionaes não tinhão medo dos dez* realistas,
e que o Senhor D. Miguel já não havia de governar, e quem vinha a governar, era
o Senhor D. Pedro… 11
*Constitucionais e Realistas
faziam parte da escolta comandada pelo Sargento de Infantaria de Cascais José
Cardoso Monte Negro.
JULHO 28: Manuel Joaquim da Fonseca do Avelar, Capitão-mor de
Ordenanças de Abrantes 10.
AGOSTO 17: Marquês de
Tancos ordena a Agostinho José da Costa, Tenente Rei da Praça de Abrantes que comece
a receber recrutas, devendo enviar para o Regimento de Caçadores d’Alem Tejo,
seiscentas e quarenta e duas praças, escolhendo cento e noventa e três para o
Regimento de Cavalaria de Elvas que
tenhão as sirconstancias espesseficadas…11.
AGOSTO 24: João José
Doutel do Regimento Infantaria de Abrantes é nomeado vogal do Concelho de Guerra.
Na mesma data manda marchar o seu Regimento para a posição que lhe foi
determinada (ver AGOSTO 31)11.
AGOSTO 27: Das 32
praças do 2º Batalhão do Regimento de Infantaria de Abrantes que se oferecerão
para servir no Regimento de Artilharia da Corte, apenas 10 foram aceites 11.
AGOSTO 31: João José
Doutel, Tenente Coronel do Regimento de Infantaria de Abrantes, acha-se de
Quartel em Xabregas 11.
SETEMBRO 1: Para se
juntarem ao seu Batalhão estacionado em Lisboa, sai do Porto do Tejo
(Abrantes) - hum Destacamento do
Regimento de Infantaria de Abrantes, 7 Peças de ferro de Artilharia de Calibre
18, e sinco Repáros* para o mesmo Calibre, que existião nesta mesma Praça com a
respectiva Plamenta, para serviço das mesmas Peças 11.
Nota: …dificuldades da navegação, permitio não se poderem embarcar os
objectos em embarcações grandes, e foram percizas sette das pequenas para o seu
transporte…11
*Reparos
artilharia: Ver AGOSTO 16 - ano 1828.
SETEMBRO 3: Para evitar
ruina total do Paiol da Praça de Abrantes e detioração de 944 arrobas de
pólvora, cartuchame e mais munições de fogo que se encontram em parte do mesmo,
Governador da Praça solicita a Filipe Nery Gorjão a sua reconstrução. Desde
agosto passado que tem havido troca de correspondência entre entidades
responsáveis e Ministro da Guerra para a reparação do referido paiol que já vem
desde o ano de 1925 11.
SETEMBRO 9: A partir de
Abrantes onde se encontra em inspecção, o Major de Artilharia Francisco Manuel
Ribeiro Araújo comunica ao general da Província existir nesta Guarnição apenas …huma cabrilha de serviço, mas pouco forte
para com ella se embarcarem (para esta Praça) as 10 peças, que se achão no porto do Tejo de Vila Velha de Rodão…
No mesmo ofício Francisco Araújo, refere existir na margem direita do rio Ocreza e proximo do Lugar de Bogios=Bugios,
duas peças de ferro de calibre 12 ou 18, distantes entre si ¼ de légua, as
quais serviram nas baterias de Talhadas, na Campanha passada…11.
SETEMBRO 10: Para
ficarem em depósito, vindo do Arsenal do Exército, chegou ao Porto de Abrantes,
um carregamento de cem mil Cartuxos,
embalados de Adarme Inglez, para Infantaria 11.
SETEMBRO 14: Francisco
Manuel Ribeiro Araújo, Major de Artilharia Nº 3 d’Elvas (ver: OUTUBRO 9), comunica ao Marechal de Campo, Gabriel António Franco de Castro, que as
10 peças de artilharia que se encontram no Porto do Tejo de Vila Velha de Rodão,
e se encontravam mergulhadas no Tejo, uma é de calibre 6, três de
calibre 9 (duas estão encravadas e oxidadas por estarem há muitos anos sobre a
terra) e seis são de calibre 12 11.
Nota: Para ver a
importância entre o transporte fluvial e terrestre à época, transcreve-se parte
de um oficio de Francisco Araújo para a Junta de Comando Geral de Artilharia do
Reino*: … as 10 peças de ferro… não
podem agora ser transportadas pelo Tejo para Abrantes, mas sim no inverno
quando poderem navegar os proprios barcos: que para serem conduzidos por terra
em huma Zorra**64, não se poderá em menos de 60 dias fazer a
mesma condução…11
*Junta de
Comando Geral d’Artilharia do Reino foi criada por Decreto de 10 de Dezembro de
1830.
**Zorra=carro de
leito baixo, com quatro rodas, para transporte de objectos pesados.
- Peças de Artilharia da
Praça de Abrantes são deslocadas e colocadas nas Baterias da Foz do Tejo
(Lisboa) 11.
SETEMBRO 14/16: Governador
da Praça, António de Azevedo Coutinho solicita ao Comandante Interino do Real
Corpo de Engenheiros, Manuel de Sousa Ramos, planta e mais documentos
necessários às obras de fortificação da Praça que se encontravam no Arquivo do
Real Corpo de Engenheiros no Castelo de Abrantes desde 1825 e levados em 1828
pelo ex-Coronel do mesmo Corpo, Eusébio Cândido Cordeiro Pinheiro Furtado 11. A 16 de Setembro
Manuel de Sousa Ramos informa Filipe Neri de Gorjão não poder ceder à exigência
do Governador de Abrantes sem ordem de Sua Majestade 11.
GEAEM 419-1-1-1 Castelo de Abrantes - Planta do edifício
que serviu de Arquivo
Real Corpo de Engenheiros
SETEMBRO
16/22: Condução de Fundos para Abrantes - Caixas dos Contratadores Gerais
do Tabaco, denunciam ao Conde de S. Lourenço que ás escoltas do Regimento de Milicias de Castelo Branco encarregadas
de acompanhar dinheiros do Real Contracto desde Castelo Branco athe Abrantes se
tem pago somente a quantia de quatrocentos e oitenta reis por ida, e
volta…quando a pratica he serem abonados com cento, e sessenta reis por dia… Á
vista disto … há pessoa que ficou com o dinheiro, que pertencia aos Soldados…11
SETEMBRO 27: Por terem
ficado prisioneiros na Ilha de S. Miguel os músicos do Batalhão do Regimento de
Infantaria de Abrantes, Tenente Coronel João José Doutel, solicita autorização
ao Marquês de Tancos para organizar nova música de forma a alegrar os militares
sob o seu comando11.
OUTUBRO 6: Recusando ir
para a Vila de Sarzedas, António Máximo Figueiredo, Capitão desligado do
serviço, não se apresenta ao Juiz de Fora de Abrantes Januário José
Ferreira Vítor dos Reis. É convicção do
Juiz de Fora que o referido militar se evadiu, escondeu ou estará em Tomar onde
tem mulher e família 11.
OUTUBRO 9: A padecer de
grave enfermidade, embaraçado de poder
até falar com intelligencia… coberto de causticos, e bastante atenuado com a
moléstia, o Major de Artilharia Francisco Manuel Ribeiro de Araújo, sem
completar o levantamento das peças de Artilharia que se encontravam no Porto do
Tejo de Rodão e incumbido de conhecer o actual estado das fortificações,
faleceu nesta Praça. Por Determinação de El Rey Nosso Senhor é substituído pelo
Capitão Ajudante desta Praça José Pereira da Cunha 11.
NOVEMBRO 3: O ainda Coronel (só graduado em Brigadeiro a 16 de novembro), Governador
João Vieira Tovar e Albuquerque* solicita ao Marquês de Tancos que se leve ao
conhecimento do Comandante em Chefe de que os Comandantes dos Corpos da
Guarnição desta Praça que são o Batalhão dos Voluntários Realistas de
Portalegre, Regimento de Milícias de Santarém e o Regimento de Milícias de
Castelo Branco, se acham no direito de receber ração de “etap”, ou 20 reis
diários.
Nota:
Parte desta tropa encontra-se aquartelada e dispersa pela Vila de Abrantes.
Para a boa disciplina e bem do Real
Serviço aguarda-se a chegada das enxergas para ficarem nos quarteis 11 (ver
DEZEMBRO 17).
Assinatura – João Vieira Tovar e
Albuquerque já como Brigadeiro e Governador Praça de Abrantes
*João
Vieira Tovar e Albuquerque, filho de Jerónimo Vieira Tovar e Silva, nasceu em
Molelos. Coronel do Corpo de Voluntários Reais de D. João VI participou na
ocupação da Banda Oriental do Uruguai, onde perdeu um braço na batalha de Índia
Muerta em 19/11/1816. Foi nomeado Governador da Capitania de Santa Catarina em
25/4/1817. Exonerado por D. Pedro em 20/7/1821. Retornou a Portugal e combateu
nas hostes de D. Miguel. Reformado como Brigadeiro. Faleceu em Lisboa aos
11/5/1858.
NOVEMBRO 7: Por motivos
políticos foi removido de Estremoz para esta Praça onde fica residindo sob
vigilância do Quartel-general de Abrantes, o Alferes desligado do 1º Regimento
de Infantaria de Elvas, Manuel Maurício Crivas 11.
Nota: Em 1832 este
oficial virá mais uma vez a ser notícia em Abrantes por actividades contra o
governo (Ver ABRIL 21 de 1832)11.
NOVEMBRO 8: É expedida
ordem ao Arsenal Real do Exército para remeter à Praça de Abrantes, quantidade
de papel cartuchinho*
suficiente para fazer cartuchame* destinado
aos Corpos desta Província 11.
*O papel que em Portugal
geralmente se emprega no cartuchame,
chama-se papel cartuchinho (cortado em
forma de trapézio).
MATERIAL NECESSÁRIO PARA FAZER
CARTUCHAME: papel, balas, fio muito
fino, ou linhas grossas cruas, pólvora, fio, barbante, e sabão para esfregar as
formas.
As armas (espingardas,
carabinas e pistolas), em 1831 eram armas de pederneira, de carregamento pela
boca e com canos de alma lisa. Na prática idêntica às usadas durante a Guerra
Peninsular.
Os cartuchos serviam para
conter a pólvora previamente medida (pesagem ou volume) com a carga adequada
às armas em questão (maior carga nas espingardas e menor nas pistolas).
Uma vez formado um pequeno
rolo, enrolado em torno de um cilindro em madeira, era fechado numa das
extremidades, após o que recebia a bala (esfera de chumbo com o calibre
adequado à arma), era de novo enrolado (por vezes atado com um fio) e, na
restante parte do cartucho, adicionada a carga de pólvora, após o que era de
novo fechado por enrolamento.
Ao militar cabia rasgar o
cartucho pela bala, verter a pólvora pelo cano, amachucar o cartucho vazio e
colocá-lo no cano para servir de bucha, após o que era introduzida a bala
(ainda parcialmente envolta em papel) sendo tudo calcada com a vareta para
assegurar o correto assentamento da bala. (Dr.
Jaime Ferreira Regalado – Investigador Independente História Militar)
|
(foto: cedida por Dr. Jaime Ferreira Regalado)
NOVEMBRO 15: Por razões de segurança, o ainda Governador de Abrantes, António de
Azevedo Coutinho manda entregar através de um “postilhão” um oficio sem selo
que vinha dirigido ao Governador desta Provincia 11.
NOVEMBRO 16: Pela Ordem do Dia Nº 78, é graduado em Brigadeiro o Governador da Praça
de Abrantes, João Vieira Tovar de Albuquerque. Na mesma data e mesma Ordem do
Dia é reformado na forma da Lei, o Brigadeiro Governador da Praça de Abrantes,
António de Azevedo Coutinho AG339.
NOVEMBRO 23: Regimento de Milícias de Castelo Branco sai de Sarnadas a 23 e chega à
Praça de Abrantes a 27 11.
NOVEMBRO 23/24:Quartel Mestre General do Exército ordena que o Coronel de Milícias de
Santarém António José Botelho da Cunha faça marchar para a Praça de Abrantes a Companhia
de Fuzileiros do Regimento de Milícias de Santarém 11. Companhia de Fuzileiros do Regimento de Milícias de Santarém,
comandada pelo Coronel de Milícias do mesmo Corpo, sai de Santarém a 24 de
Novembro 11.
NOVEMBRO/DEZEMBRO: Para
ficarem na Guarnição da Praça ou em descanso para seguirem outros destinos,
Abrantes assiste a grandes movimentações de corpos militares:
-Regimentos de Milícias de
Santarém 11: 25 de novembro entra nesta Praça com
184 praças 11.
-Regimento de Milícias de Castelo Branco: 26 de novembro entra nesta
Praça com 383 Praças 11.
-Regimento de Milícias da Idanha a Nova: 27 de novembro entra na Praça
de Abrantes11.
-Batalhão Voluntários
Realistas de Portalegre: 25 de novembro reúne em Portalegre a 26 está em
Alpalhão a 27 no Gavião e chega à Vila de Abrantes no dia 28 de novembro 11.
-Companhia de Granadeiros do
Regimento de Milícias de Castelo Branco: em trânsito chega esta Praça a 28
novembro e a Lisboa no dia 4 de dezembro 11.
-Regimento de Milícias da Covilhã:
em trânsito por Abrantes chega a 2 de dezembro e a Lisboa dia 11 do mesmo mês 11.
Nota: As tropas que ficarem na guarnição deve sêr aquartelada, a que
pudér, e o resto aboletada= (habitações
civis da Vila de Abrantes) … 11
DEZEMBRO 3: João
Vieira Tovar e Albuquerque, Governador da Praça, aguarda novas ordens de Filipe
Neri Gorjão, para, a partir do Porto do Tejo de Abrantes embarcar com
destino ao Arsenal Real do Exército as munições que se encontram na “Capela Mor
e Igreja das Freiras da Esperança”11.
DEZEMBRO 6:
Conde de S. Lourenço informa o Conde de Barbacena ter expedido ordem ao Brigadeiro Intendente e Fiscal das obras
militares, para mandar proceder aos pequenos concertos na Capella cituada a hum
quarto de légua de distancia da Praça d’Abrantes, para servir de Depozito de
Cartuxame… e arranjos nos Armazens pequenos, junto ao Tejo, para o mesmo fim 11.
DEZEMBRO 7/13:
Ajudante General do Exército ordena que Recrutas do Depósito de Penamacor se
ponham em marcha para o Porto de Abrantes onde devem ser embarcados com
destino a Lisboa 11.
-07 dezembro: S. Miguel d'Acha
-08 dezembro: Castelo Branco
-09 dezembro: Descanso
-10 dezembro: Perdigão
-11 dezembro: Vendas Novas
-12 dezembro: Penhascoso
-13 dezembro: Abrantes onde embarcam no Rio Tejo rumo a Lisboa.
-07 dezembro: S. Miguel d'Acha
-08 dezembro: Castelo Branco
-09 dezembro: Descanso
-10 dezembro: Perdigão
-11 dezembro: Vendas Novas
-12 dezembro: Penhascoso
-13 dezembro: Abrantes onde embarcam no Rio Tejo rumo a Lisboa.
DEZEMBRO 7: Regimento de
Milícias da Guarda entra na Praça de Abrantes com 440 praças e no dia seguinte
marcha ao seu destino a Companhia de Granadeiros do mesmo Regimento11.
DEZEMBRO 14: Carta de
João Vieira Tovar e Albuquerque, Governador da Praça ao Marquês de Tancos
- Lembrado estou de, V. Exª, me dizer,
quando tive a honra de, me despedir de V. Exª, que esperava que os Abrantinos,
em breve todos estivessem bons Realistas…o meu Ajudante de Ordens Ayres Pinto…
poderá, com Conhecimento de Cauza, dizer a V. Exª, com toda a franqueza, o
modo de pensar de todos os Abrantinos,e a maneira como os tenho Levado 11 .
DEZEMBRO 16: Contingente de
Caçadores da Beira Baixa e Recrutas do mesmo Corpo em número de 100 embarcam no
Porto do Tejo de Abrantes com destino a Lisboa 11.
DEZEMBRO 17: Em ofício dirigido a Filipe Neri Gorjão, João Vieira
Tovar e Albuquerque, Governador da Praça, refere estarem os habitantes de
Abrantes subcarregados pelos aboletados que tem, e que nos Quarteis uma
enxerga serve para quatro/cinco soldados e atribui os muitos doentes que ha á falta de camas pois quando tomei o Governo
desta Praça era de 21, e o de hoje he de 78… 11 .
DEZEMBRO 19: Governador Tovar e Albuquerque participa que junto ao
Tejo estão humas barcas, as quaes pelo
seu estado de ruina, não tem ali serventia, e se forem mandadas para algum
Arsenal, se poderá aproveitar o cobre de que são forradas11.
DEZEMBRO 19/26: Comandante em Chefe do Exército ordena ao
Governador de Abrantes que dê todo o auxílio e segurança a todos os recrutas
que passam por esta Praça para os diferentes Corpos do Exército 11.
DEZEMBRO 21: Por terem completado os anos de serviço, 73 praças de
“pret” das 478 do Regimento de Milícias de Santarém que se encontram na Praça
de Abrantes, tem baixa de serviço 11.
DEZEMBRO 21/22: Por a Vila de Abrantes ser uma Praça aberta, oferecer pouca segurança e não ser possível recolher nas cadeias civis sincoenta Prezos d’opiniões politicas vindos da Praça de Peniche, o Juiz de Fora de Abrantes Januário José Ferreira Vítor dos Reis*, recebe ordem para que os mesmos sejam recolhidos e guardados na Prisão Militar do Convento da Esperança.
DEZEMBRO 21/22: Por a Vila de Abrantes ser uma Praça aberta, oferecer pouca segurança e não ser possível recolher nas cadeias civis sincoenta Prezos d’opiniões politicas vindos da Praça de Peniche, o Juiz de Fora de Abrantes Januário José Ferreira Vítor dos Reis*, recebe ordem para que os mesmos sejam recolhidos e guardados na Prisão Militar do Convento da Esperança.
Para servir ao
enchimento das enxergas aos presos políticos vindos de Peniche, Juiz do Sardoal
entrega nesta Praça 20 molhos de palha 11.
*Tomou posse como juiz de fora de Abrantes no dia 15
de Junho de 1830.
***
10Nuno Gonçalo Pereira Borrego – Ordenanças e Milícias de
Portugal.
11AHM.
AG341 Legislação
Portuguesa – Ano 1831.
AG339Gazeta de Lisboa Nº 275 – Ano 1831.
-Imagens: Soldado R.I. Abrantes (ex R.I.
Nº 20) – Por Sérgio Veludo Coelho.
-Mapa cores uniformes (1660/1960) – 300 anos Uniformes Militares do Exército Portugal.
-Mapa cores uniformes (1660/1960) – 300 anos Uniformes Militares do Exército Portugal.
-Planta Militar do edifício do Castelo
que deve servir de Arquivo do R. C. d'Engenheiros na Praça de Abrantes de ABREU,
José António 1796-1873.
-Mapa cores dos uniforme Ano 1831: 300 Anos
de Uniformes Militares do Exército de Portugal 1660-1960 – Edição Exército
Português, Sociedade Histórica da Independência de Portugal – Autor Manuel A.
Ribeiro Rodrigues.
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