Por José Manuel
d’Oliveira Vieira
1834JANEIRO 3: Por ordem do Diretor do Hospital Regimental, Joaquim José Marques de Oliveira, armamento e correame de militares internados no Hospital Militar de Abrantes são enviados para o Arsenal de Santarém.
JANEIRO 4, FEVEREIRO 23, MARÇO 1/4/14/15/23/25/28: Sob proteção das tropas miguelistas, as Reais Ferrarias d’Alge continuam a fundir nos altos-fornos “peças de ferro” *, a produzir bombas e projéteis de guerra de diversos calibres que em transportes cedidos pelo Juiz de Fora da Sertã chegam à Praça de Abrantes.
*Peças de ferro são “peças de artilharia” encravadas, defeituosas ou inúteis para o serviço.
Mapa dos Projéteis que se remeterão
para a Praça de Abrantes
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Granadas de 5 polegadas e 5 linhas
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90+30+2+30
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Granadas de 5 polegadas e 4 linhas
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30+90+1+14+58+90
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Granadas de 5 polegadas e (!)
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6
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Granadas de 7 polegadas e 2 linhas
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1+6
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Granadas de 9 polegadas e 1 linhas
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9
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Bombas de 9 polegadas e (!)
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3
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Balas vazas Calibre 3
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179+14+63
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Balas vazas Calibre 6
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216+29+100
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Balas vazas Calibre 9
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36+19+192+282
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Balas vazas Calibre 12
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1
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Balas vazas Calibre 18
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151+23
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Balas vazas Calibre 24
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23
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Balas vazas Calibre 36
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12+1
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JANEIRO 16: Mais de uma centena de prisioneiros rebeldes liberais chegados à Praça em dezembro de 1833 são transferidos para a Praça de Almeida.
JANEIRO 30: Sob o comando do Coronel Joaquim Carlos de Lima Viana, na ação que teve lugar no lugar da Torre do Bispo, ficaram prisioneiros das tropas “liberais”, os militares “absolutistas” do Regimento de Infantaria de Abrantes:
Capitão
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1
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Alferes
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3
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1ºs Sargentos
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2
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2ºs Sargentos
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3
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Pifanos
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2
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Tambores
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1
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Cabos de Esquadra
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6
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Anspeçadas
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8
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Soldados
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103
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MARÇO 1: Governador da Praça de Abrantes, Brigadeiro Gonçalo Cardoso Barba Meneses, informa João Honorato Rolim do Quartel Mestre General ter recebido do Trem de Santarém três arrobas de papel manuscrito e treze resmas de papel cartuchinho, passando de imediato a fazer cartuchame de Espingarda, que por falta do referido papel se achava paralisado.
Papel
cartuchinho – (modelo) como era utilizado o papel
que envolvia o projétil/carga de pólvora/cartucho completo
MARÇO 5: Das
7 peças de Artilharia Calibre 12 que se encontravam dispersas na margem direita
do Zêzere, 6 são enviadas pelo Inspetor de Artilharia Tenente General Gabriel
António Francos de Castro, para a Fábrica da Foz d’Alge e a que se encontra em
bom estado fica na Praça de Abrantes.
Ruinas antiga Fundição Reais Ferrarias
Foz d’Alge
(Fábrica de Canhões)
Foto - Biblioteca Municipal de
Figueiró dos Vinhos
MARÇO 7/8: No
dia 7, por ordem de El Rey, Governador
da Praça de Abrantes, Brigadeiro Gonçalo Cardoso Barba Meneses manda entregar
100 cartuchos vazios de calibre 3 ao Brigadeiro Luis Guilherme Coelho,
Comandante Geral do Parque de Artilharia do Exército de Operações sobre Lisboa.
No dia 8, envia ao Comandante da 2ª Brigada do Exército de Operações do
Alentejo vinte mil Cartuxos embalados de
Espingarda do adarme 17. MARÇO 12: Comandante do Batalhão Voluntários Realistas de Abrantes requer a João Galvão Mexia de Sousa Mascarenhas, chefe do Estado Maior General de D. Miguel, o provimento de postos vagos no Batalhão de Abrantes.
MARÇO 14: Visconde de Santarém encontra-se na Praça de Abrantes.
MARÇO 21: A partir da Vila de Abrantes onde se encontra desde janeiro, o Inspetor de Artilharia Tenente General Gabriel António Francos de Castro, recebe ordens para enviar à Praça d’Elvas, trezentas mil balas de adarme. Não podendo produzir senão noventa mil e noventa e quatro balas com o chumbo que atualmente existe em barra na Praça d’Abrantes, manda ir de Valença duzentas e nove mil novecentas e quatro balas do mesmo adarme.
MARÇO 26: Por conta das 3 mil granadas de 5 polegadas e 5 linhas que El Rey D. Miguel Primeiro manda remeter para a Praça de Elvas, Brigadeiro Cardoso Barba de Menezes, Governador da Praça de Abrantes envia mais 203 granadas e para o Governador do Forte da Nossa Senhora da Graça 67 granadas de 5 polegadas e 4 linhas.
MARÇO 28: Brigadeiro Cardoso Barba de Menezes, recebe ordens para activar nesta sua Praça e Quartel-general a factura do cartuxame de Infantaria.
ABRIL (!): Nos primeiros dias do mês de Abril, entrou em Abrantes o Infante D. Carlos, pretendente à Coroa de Espanha. Com o Infante D. Carlos, além da comitiva, veio uma força de Cavalaria e Infantaria Espanhola que também ficou nesta Praça. O Infante D. Carlos e toda a sua comitiva saíram desta Praça, nos últimos dias de abril ou princípios de maio.
MAIO 1/2: O Miguelista Tenente General Conde D’Almer* Governador Militar do Alentejo, requisita ao Trem de Abrantes mil armas e os respectivos correames. Governador da Praça envia mapa ao Comandante em Chefe do Exército com o estado do armamento, para que seja determinada a vontade de Sua Majestade:
Real
Trem da Praça de Abrantes
Mappa
do estado do Armamento existente no mesmo Trem
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103
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Espingardas
de uso do Extº promptas
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971
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Espingardas
idem pª mão d’obra sem fexos
varetas e
bayonetas
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11
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Espingardas
de Liege promptas
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51
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Espingardas
idem pª mão d’obra
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1.119
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Fexos
d’Espingarda
|
272
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Canos
soltos d’Espingarda
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677
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Bayonetas
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953
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Varetas
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2
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Beffes(!)
pª mão d’obra sem fexos nem varetas
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21
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Espingardas
do antigo padrão da Policia
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18
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Fexos
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156
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Ferrages de
latão pª coronhas d’Espingarda
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20
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Ferrages
idem imcompletas – libras
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MAIO 16: Tropas que tiveram acção na batalha da Asseiceira, reuniram-se à guarnição da praça de Abrantes e retiram para Estremoz e Elvas juntamente com o Governador da Praça de Abrantes Rochelein.
MAIO 19: Comandados pelo General Paiva Raposo, faz-se a evacuação das tropas miguelistas da guarnição de Abrantes composta de 3.000 homens a saber: Regimentos de Infantaria 13 e 23, Batalhões de Realistas de Abrantes, Lamego, Castelo Branco e Portalegre, Regimentos de Milícias de Arouca, Tondela, Artilharia e Batalhão Açoriano. Na retirada, tropas Miguelistas encravam armamento, destroem munições e levam como reféns o guardião e o presidente do convento de Santo António, presos pelos Constitucionais em 20 de março de 1834, que libertam nos arredores da Bemposta.
MAIO 21/31: Coronel José Bernardo Trigueiros do Rego Martel informa o Ministro e Secretário de Estado dos Negócios da Guerra, Agostinho José Freire que o 5º Batalhão Móvel de Lisboa, exército libertador por si comandado entrou na Praça de Abrantes (Anexo 1). A 31, Martel recebe ordens da Secretaria da Guerra para cumprir determinações do nomeado Governador da Praça de Abrantes, Coronel Manuel de Sousa Raivoso.
Assinatura: Joze Bernardo Trigueiros do Rego
Martel
Anexo 1Exercito Libertador
Ilmo Emo Snr
Tenho a
honra de levar ao conhecimento de VExª, que hoje pelas 6 horas da tarde entrei
com o Bão de meu Comando nesta Praça, tendo em execução das Ordens
de S. Exª o Snr Duque da Terceira Marechal Comte em Cheffe do Exto
de Ops do Norte, comunicadas em Officio de 20 do corre;
achei à minha entrada na mesma Praça já feito o Autto de Aclamação ao Legitimo
Governo de Sua Mage a Snra D. Maria Segunda, e só dei as
providencias necessárias para a conservação do sucêgo Publico, e Serviço
Regular da Guarnição desta Praça, apresentando-se-me logo o Visconde de S. João
da Pesqueira, o Brigadeiro João Maria Her de Brito, 13 Officiaes, e
196 praças de pret, que abandonarão as Bandeiras Rebeldes; fazendo igualmente
sciente a VExª, que na occazião os mesmos rebeldes se evadiram desta praça
arrombarão alguns Depozitos q. continhão objectos da Fazenda, pelo que logo mandei
proceder a exame, e quando o Inventario esteja ultimado terei a honra de o
fazer subir á presença de VExª Servindo-se levar tudo ao conhecimo de Sua Mage Imperial o Senhor
Duque de Bragança Regente em Nome da Rainha.
Ds Gde a VExa
Quartel em Abrantes 21 de Maio de 1834
Ilmo Exmo Snr Agostinho Joze Freire
Jozé Bernardo Trigos do Rego Martel
Coronel do 5º Bam Movel
CONTINUA
(mês de junho a dezembro será publicado no próximo mês)
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