Por José Manuel
d’Oliveira Vieira
João
Lobo Brandão de Almeida foi Governador da Praça de Abrantes até Dezembro de
1813. Durante o ano de 1814, o Ministro da Guerra ainda consultava Brandão de Almeida
e este ainda se considerava Governador da Praça. A 12 de Outubro de 1815, João
Lobo Brandão de Almeida foi promovido a Marechal de Campo efectivo. A 17 de
Dezembro do mesmo ano é nomeado para o comando da Praça de Elvas, que passou a
acumular a 28 do mesmo mês, com o exercício das funções de Governador das Armas
do Alentejo.
1814 – CARTOGRAFIA MILITAR
1814 - Castelo de Abrantes
(veja-se o subterrâneo assinalado na Casa do Governador)
(veja-se o subterrâneo assinalado na Casa do Governador)
(386-1-1-1 DSE CRT41/2002-DIE)
1814
JANEIRO 1:
Agostinho Vaz Garcia, Capitão de Ordenanças da Freguesia de S. João Batista,
que vagou por morte de Vicente Delgado Xavier 10.
JANEIRO 10: José
Delgado Xavier, Capitão de Ordenanças da Companhia de Souto, que vagou pela
demissão de António José Raposo 10.
FEVEREIRO 4:
Falta de fardamentos para fazer face ao rigor do inverno leva grande número de
sentenciados ao hospital. Caetano António de Almeida, Governador Interino da
Praça de Abrantes solicita ao Ministro da Guerra, fardamentos não recebidos
para o presidio da Praça de Abrantes desde 1812 11.
FEVEREIRO 8:
António Estevães, Capitão de Ordenanças da Freguesia de Rio de Moinhos, termo
de Abrantes, que vagou pela demissão de Manuel de Oliveira Morgado 10.
FEVEREIRO 9:
Manuel Lourenço, barqueiro que foi do “Arraes” Nº 412, não compareceu no
Depósito Geral de Alcântara para dar conta da falta de “Arroz” que transportou para a Praça de Abrantes. Desembargador
Domingos José de Carvalho indigna-se com o Juiz de Fora de Abrantes por não
cumprir a ida de Manuel Lourenço ao Depósito de Alcântara 11.
MARÇO 15:
Nomeado para outras funções fora de Abrantes, Jose Gonzalez Bobela, Fisico Mor do Exército e médico do Hospital
Militar de Abrantes, deseja continuar na Praça de Abrantes como médico
territorial ao serviço do Príncipe e particulares 11.
JULHO 1/15:
Nestas datas são remetidas pelos comandantes dos Corpos do Exército ao
Intendente Geral da Policia relações com o nome, naturalidade e idade dos
homens e mulheres (não militares) que acompanharam os militares nas diferentes
batalhas da Guerra Peninsular (sobre este assunto: ver nesta página anexo A) 11.
JULHO 2:
Por não terem respondido em Conselho de Guerra nesta Praça (Aviso de 28 de Maio),
a situação dos 26 “réos” militares
desertores, é justificada pelo desembargador José António de Oliveira Leite de
Barros, ao Ministro Forjaz de Almeida 11.
JULHO 23:
Entre os presos militares no Castelo de Abrantes encontra-se, António Luiz da
3ª Companhia do Regimento de Artilharia Nº 1, sentenciado à pena de morte
(forca), por ter desertado em tempo de guerra (30 de Julho de 1810) 11.
JULHO 25: Caetano
António de Almeida, Governador Interino da Praça, informa Conde de S. Paio não
ter chegado ao Porto de Abrantes, o barco com fardamentos e equipamentos
destinados aos Esquadrões de Cavalaria Nºs 6/11/12 que se encontram em Vila
Velha. Caetano de Almeida refere a incerteza da viagem Lisboa/Abrantes devido à
falta de água nesta época 11.
JULHO 26:Ao
“sol-posto” chegou ao Porto de
Abrantes o barco com os fardamentos destinados aos Esquadrões de Cavalaria Nºs
6/11/12. Desembarcados os fardamentos, seguiram de imediato para Vila Velha em
três carros 11.
Uniformes
1814
(desenhos Carlos Ribeiro)
JULHO 27: Já
no Comando da 2ª Brigada de Infantaria, Brandão de Almeida, numa carta em que
solicita ao Ministro da Guerra a sua deslocação à Capital para tratamento
médico, refere, ainda se achar como Governador da Praça de Abrantes 11.
JULHO 30: Chega
a esta Praça o Regimento de Cavalaria Nº 711.
AGOSTO 3: Marchou
desta Praça para Chaves o Regimento de Cavalaria Nº 9. No mapa com o itinerário
é previsto o RC9 chegar a Chaves no dia 2811.
AGOSTO 31:
Nas diversas requisições para pagamento de géneros não fornecidos a esta Praça,
vinho, sal, azeite, pão e carne, são os menos necessários no Depósito de
Abrantes 11.
Abrantes - Guia Rações
n/fornecidas ao Reg. Cav. Nº 9
SETEMBRO 2:Ministro
da Guerra ordena que o Capelão do Regimento de Cavalaria Nº 5 examine e veja se
presos comuns e sentenciados estão confessados. Os que não estejam deve ser
cumprido o preceito da Igreja 11.
SETEMBRO 3:Nicolau António de Mello
Barreto, Tenente reformado da 2ª Campanha do 5º Regimento de Cavalaria,
Caserneiro do Quartel da Praça de Abrantes, requer ao Conde de S. Paio, voltar
ao serviço efectivo por se achar em condições de saúde 11.
SETEMBRO 8:
O Regimento de Infantaria de Abrantes, desmobilizado da Guerra Peninsular
regressa ao quartel 19.
SETEMBRO 10:Do
Regimento de Cavalaria Nº 5 que marchou para Évora, ficou no Presidio de
Abrantes o Soldado Lourenço José da Cruz, por alcunha “Castelhano”, sentenciado
a morrer enforcado nesta Praça. Por não terem chegado à Praça de Abrantes os
algozes requeridos pelo Brigadeiro João Lobo Brandão de Almeida em 15 de
Novembro de 1813, sentença não foi executada 11.
Nota: Acerca da execução acima mencionada, um
documento com data de 19 de Novembro de 1813 refere manda hir pª Abrantes dois Carrascos, para se ajudarem hum ao outro, visto
serem velhos, na execução do Réo 11.
Um
segundo documento, com data de 16 de Novembro de 1814, do Palácio do Governo, assinado
por Francisco de Paulo Leite refere ter o “réo”,
Soldado Lourenço José da Cruz, sido remetido da Praça de Abrantes para a
Capital, para ser executado 11.
SETEMBRO 26:
Do Porto de Abrantes, partiram para a Capital (Lisboa), trinta presos
sentenciados que vão ser entregues à disposição do Coronel Duarte José Fava 11.
NOVEMBRO 3: Manuel
José Raposo, Correio Assistente de Abrantes, solicita ao Subinspector dos
Correios medidas eficazes para acabar com os ladrões nas estradas por onde
transita o estafeta 33.
Nota: Foi durante a Campanha Peninsular que se
organizou pela primeira vez a posta
militar, a qual prestou então serviços relevantes. Durante as lutas civis,
até 1851, a posta militar aparece
frequentemente como auxiliar valioso para o prosseguimento das operações 34.
-No link https://coisasdeabrantes.blogspot.pt/search?q=correio pode pode ver: Abrantes –
Correio do Reino – Posta de Abrantes 1808/1817.
1815
-A Irmandade dos Passos pagou pela Guarda de Honra
e musica militar em Sexta-feira Santa, à noite 8.000 réis 91.
JANEIRO 9: Por ser matéria delicada, D. Miguel Pereira Forjaz, ministro e secretário de Estado dos Negócios da Guerra, pede a João Lobo Brandão que o informe particularmente dos prejuízos causados durante a última guerra aos proprietários dos prédios demolidos ou arrasados 11.
JANEIRO 9: Por ser matéria delicada, D. Miguel Pereira Forjaz, ministro e secretário de Estado dos Negócios da Guerra, pede a João Lobo Brandão que o informe particularmente dos prejuízos causados durante a última guerra aos proprietários dos prédios demolidos ou arrasados 11.
MAIO 18:
António José da Cunha Salgado, 1º Tenente do Real Corpo de Engenheiros, da Praça
de Abrantes participa de António Vicentinho por ilegalmente estar a construir
uma casa no sítio de Vale de Judeos a 112
braças distante da obra de Stº António e a 52 braças do Reduto do dito 11.
JUNHO 5:
Em vista do proprietário necessitar da casa para os pais, o ex-governador da
Praça de Abrantes, João Lobo Brandão de Almeida, procura arrendar uma casa
decente nesta Praça. Neste documento é referido como decente a casa dos herdeiros do Doutor Rodrigo Soares, habitada por renda a Diogo da Fonseca, major
reformado, pessoa das principaes de todo o distrito 11.
JUNHO 20:
Para as obras de Navegação do Rio Tejo, conduzidas pelo Tenente Coronel do Real
Corpo de Engenharia Anastácio Joaquim Rodrigues foram utilizados explosivos do
Paiol Geral de Abrantes. Uma placa com a data 1815, naquela que terá sido a
casa da guarda, ainda pode ser vista no local do Paiol Geral 92+Maia.
Nota: Já em 1813, para conduzir munições que o governo português precisava ter em alguns portos do alto Tejo, Anastácio Joaquim Rodrigues, Tenente Coronel do Real Corpo de Engenheiros, foi encarregado de cortar embaraços de navegação e abrir caminhos de sirga, desde Abrantes até Espanha 26. Sobre a navegabilidade do Rio Tejo ver: HISTÓRIA MILITAR DE ABRANTES (VIII) anexo A.
JUNHO 28:
Dos 310 sentenciados em trabalhos na Praça de Abrantes, 71 estão no hospital, 1
no quartel e 238 encontram-se prontos. Outros 197 presos encontram-se: final de
pena 26, com menos de seis meses 123, de seis meses a um ano 46 11.
JULHO 15: Ódio,
rancor e falsas afirmações do Coronel Manuel Duarte José Favas, sobre as
feitorias realizadas na Praça de Abrantes por Brandão de Almeida, levam este a escrever
ao Ministro da Guerra. Indignado por tais acusações, Brandão de Almeida faz uma
referência aos “Macçoens de Abrantes” 11.
AGOSTO 28:
Reparações urgentes no telégrafo em
Abrantes - O General Azedo -Lisboa 28
Agosto 1815.
Participou-lhe o 1º Tenente de Engenheiros, Director das obras de Abrantes, qu o Comandante da Artilharia
lhe tinha dito, que para evitar alguma desgraça desmanchasse o Telegrafo da Torre do Castelo, que está
a cahir por se acharem podres as madeiras, e que já faltão algumas: e
perguntava, o que devia fazer.
Azedo diz, que preciza ser autorizado para
mandar remover as madeiras do dito Telegrafo supposto o estado da sua ruína […] 11.
SETEMBRO 12:
Sem autorização superior Tem. Salgado do Real Corpo de Eng.ºs Constrói uma
pequena casa próximo do reduto do forte de Santo António na Praça de Abrantes 11.
OUTUBRO 10:
Por Avizo de 2 de Outubro e publicado
na Ordem do Dia 10, passou a comandar
a Praça de Abrantes o coronel de veteranos José António Vidigal em substituição
do Brigadeiro João Lobo Brandão 11.
OUTUBRO 26:
Para render o Ten. Salgado, chega a esta Praça, José Damasceno, Tenente do Real
Corpo de Engenheiros 11.
DEZEMBRO 6:
Barris de aguardente destinados ao Comissariado Britânico saem de Abrantes sem
guias 11.
DEZEMBRO 23:
João Grosmite (estrangeiro), Sargento de Cavalaria da Praça de Abrantes,
expõe às entidades superiores a ideia de haver abundância de cavalos para os Corpos
do Exército á semelhança da Nação Húngara e oferece os seus serviços para
dirigir esses serviços 11.
10 Nuno Gonçalo Pereira Borrego – Ordenanças e Milícias
de Portugal.
11 AHM
19 Da Crise do Antigo Regime à Revolução Liberal
1799-1820 - Fernando de Castro Brandão - Ano 2005
26Jornal de Coimbra - Volume 4 - pág. 83
33 Doc. 4148 Ano 1814 da Fundação Portuguesa de
Comunicação.
34 O Correio Origem e Progressos das Instituições Postais
em Portugal, pg. 35 – Ernesto Madeira – Ano 1882.
35 Foto cedida por: Maia.
91 Doc. Diogo Oleiro
1814 - CARTOGRAFIA MILITAR - Planta Castelo de Abrantes: DIE
MULHERES
ABRANTINAS NA GUERRA PENINSULAR
À semelhança do que se passou com
as cantinières (aguadeiras), mulheres francesas a quem os regimentos davam
autorização para a venda de comida, bebida e que tinham como única obrigação a
de serem casadas com militares do dito regimento, também as mulheres
portuguesas seguiram o exército português durante a Guerra Peninsular.
Como resistentes da guerrilha
popular, na retaguarda das batalhas, no apoio ao exército nos abastecimentos,
recolha água e lenha para as fogueiras, cozinhar, lavar e coser roupa, na
qualidade de esposas ou como companhia feminina durante os longos meses das
campanhas, a mulher portuguesa continua ausente da historiografia da Guerra
Peninsular.
Na falta de desenhos ou reproduções da época, das “vivandeiras” portuguesas,
recolhi do filme “Linhas de Wellington”, uma imagem que representa bem o
trabalho das mulheres que acompanhavam as nossas tropas durante as “Invasões
Francesas”. O filme foi realizado por Valeria Sarmiento, teve produção de
Paulo Branco e Argumento de Carlos Saboga (fig. 1).
fig.
1 - Vivandeiras (cantinières)
Rara é a cidade, vila ou lugar que
não glorifique um acontecimento da Guerra Peninsular, mas nunca a mulher portuguesa
(fig. 2).
Os monumentos aos heróis da Guerra
Peninsular de Lisboa e Porto são excepções por na sua concepção terem esculpido
a bronze a imagem das seguidoras do exército no apoio ao combatente e esforço
de guerra (fig. 3).
fig. 3
- Porto - Monumento aos heróis da Guerra
Peninsular
Nas listas elaboradas pelos Corpos
do Exército português (1814) encontram-se várias mulheres abrantinas não
militares que acompanharam os exércitos. Para constarem em futuros eventos
sobre a Guerra Peninsular, “ABRANTES MILITAR”, publica neste pequeno espaço a
lista das mulheres naturais de Abrantes, Aldeia do Mato, Punhete=Constância,
Gavião e Sardoal, que com coragem, seguiram os militares nas campanhas
peninsulares11:
Guerra Peninsular mulheres (não militares), de
Abrantes/Punhete/Gavião/Sardoal/Aldeia do Mato que acompanharam os
Exércitos
|
|||
Homens/Mulheres
|
Naturalidade
|
Idade
|
Observações
|
Angelina Rosa
|
Abrantes
|
26
|
Pertence tambor
|
Maria do Carmo
|
Abrantes
|
30
|
Casada com tambor
|
Theresa de Matta
|
Abrantes
|
39
|
Casada com soldado
|
Francisca Maria
|
Abrantes
|
28
|
Casada
|
Ana Rodrigues
|
Abrantes
|
20
|
Pertence soldado
|
Ana Maria
|
Abrantes
|
24
|
S/anotação
|
Maria Clara
|
Abrantes
|
23
|
S/anotação
|
Maria José
|
Abrantes
|
25
|
Casada
|
Maria Brozia
|
Abrantes
|
20
|
Anexa ao Regimento Nº 11
|
Maria Rosa
|
Abrantes
|
22
|
Viúva sargento. António José falecido 27FEV1814 Baiona
|
Maria de Sarey
|
Aldeia do Mato
|
21
|
Seguidora do Exército
|
Isabel de Ferces
|
Punhete
|
31
|
Pertence soldado
|
Martta Joaquina
|
Gavião
|
25
|
Pertence Sargento
|
Maria Leitão
|
Gavião
|
24
|
Pertence a soldado
|
Joaquina Rosa
|
Sardoal
|
20
|
Casada com tambor-mor
|
Maria da Asumpção
|
Sardoal
|
39
|
Pertence soldado do Regimento Cavalaria Nº 6
|
Por interesse
histórico, publica-se o nome dos homens (não militares), naturais de Abrantes,
Rio de Moinhos, Sardoal, Vila de Rei e Mação que acompanhara e serviram os
Regimentos de Infantaria e Batalhões de Caçadores durante as campanhas, nas
mais diversas funções 11.
Guerra Peninsular - Homens (não militares), de
Abrantes/Sardoal/Vila de Rei/Rio de Moinhos/Mação que acompanharam os
Exércitos
|
|||
Homens/Mulheres
|
Naturalidade
|
Idade
|
Observações
|
José António (condutor)
|
Abrantes
|
27
|
Veio do Exército Britânico
|
José da Moutta (criado)
|
Abrantes
|
14
|
Veio do Exército Britânico
|
José Pinto (servindo na tropa)
|
Abrantes
|
12
|
S/outra anotação
|
José d’Abrantes (bagageiro)
|
Abrantes
|
28
|
Idem
|
João Agnes (criado de serviço)
|
Abrantes
|
11
|
Idem
|
José Montes (Alfaiate)
|
Abrantes
|
19
|
Idem
|
Luis Marques
|
Abrantes
|
18
|
Idem
|
António Martins (bagageiro da pólvora)
|
Abrantes
|
33
|
Idem
|
António de Oli…(!)
|
Rio Moinhos
|
(!)
|
Idem
|
Mauricio d’…(!)
|
Sardoal
|
21
|
Idem
|
Francisco António Aparicio (bagageiro)
|
Vila de Rei
|
27
|
Idem
|
Francisco Serafim (criado)
|
Mação
|
31
|
Veio do Exercito Britânico
|
Sobre o papel das
mulheres durante as Invasões Francesas e a tomada de Abrantes (17 de Agosto de
1808), um artigo escrito no ”Boletim Cultural do CIRA", com o título “Figuração
da mulher na Guerra Peninsular – Contributo para a história de Género”, Graça
Soares Nunes, diz-nos:
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